Irão pode retaliar no Iraque contra assassínio de cientista
Em Bagdad teme-se uma nova escalada de violência, como a que se seguiu à morte do general iraniano Qassem Soleimani, num ataque dos EUA, em Janeiro.
O assassínio do principal físico nuclear iraniano, Mohsen Fakhrizadeh, na sexta-feira, continua por reivindicar, mas para os líderes iranianos só há dois responsáveis possíveis, os Estados Unidos ou Israel. Como aconteceu no início do ano, depois do ataque aéreo ordenado pelo Presidente Donald Trump para matar o general iraniano Qassem Soleimani em Bagdad, teme-se que o resultado seja uma escalada da violência no Iraque.
O ayatollah Ali Khamenei pediu “que este crime seja investigado” e que haja “punição para os autores e responsáveis”, enquanto o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, acusou Israel de agir como um “mercenário” a mando dos EUA.
Depois da morte de Soleimani, houve uma série de ataques contra bases militares usadas pelos EUA no Iraque que fizeram vítimas entre os soldados iraquianos. Face à ameaça de Washington de encerrar a embaixada em Bagdad, no fim de Setembro, o Governo iraquiano conseguiu que as milícias xiitas pró-iranianas se comprometessem a parar de atacar alvos americanos, na condição de que as tropas dos EUA continuem a sua retirada gradual do país.
Num comunicado depois da morte de Fakhrizadeh, um dos grupos armados apoiados pelo Irão que lançou mais ataques contra as forças americanas, o Kataib Hezbollah, apelou à vingança contra “o eixo sionista-americano saudita”. O “custo dos seus crimes tem de ser alto”, disse.
“É possível que vejamos retaliações no Iraque por parte de grupos ligados ao Irão”, admite Lahib Higel, analista do think tank International Crisis Group, em declarações à Al-Jazeera. A resposta iraniana será provavelmente semelhante ao que já vimos, com ataques com rockets contra a Zona Verde ou a base aérea Ain al-Asad, contra colunas militares logísticas”, diz.
Higel nota que esta é uma fase delicada, já que o Irão tem interesse em iniciar uma nova fase de relações com os EUA assim que o Presidente eleito, Joe Biden, assumir o poder. Por outro lado, “é pouco provável que os iranianos fiquem sem responder tanto tempo”, até à tomada de posse em Washington, a 20 de Janeiro.