A reorientação estratégica do BE e o escangalhar da “geringonça”
Aqueles que se revêem na convergência à esquerda terão de saber como se posicionar em relação a esta reorientação estratégica do BE, certamente procurada e premeditada. Não devem é ignorar que ela já ocorreu.
A certa altura do seu discurso sobre o Orçamento do Estado para 2021, Catarina Martins disse as seguintes palavras: “o que conta não é as peripécias da negociação na especialidade, o que conta é o que vai ser o país em 2021.” Parecendo ser apenas uma frase típica de campanha eleitoral — a três anos do fim da legislatura —, o seu caráter ligeiramente paradoxal dá que pensar. Afinal, as “peripécias” da negociação do orçamento na especialidade são, no fundo, o conteúdo do próprio Orçamento do Estado. Será uma peripécia a aprovação da proposta mais importante do BE, impedindo o Estado de injetar 476 milhões de euros no Novo Banco? Quanto à segunda metade da frase, “o que será o país em 2021”, depende em grande medida daquilo que se estava a votar, não o orçamento como proposto mas como emendado: fará sentido que um partido que acabou de ver horas antes aprovada a proposta de que fez a bandeira mais importante desde a votação na generalidade acabe a votar contra o orçamento?
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