A cinco semanas do fim do prazo para haver acordo comercial UE-Reino Unido, Barnier volta a Londres

Os laços que ligam o Reino Unido à UE rompem-se a 31 de Dezembro. Nuna reunião com diplomatas o negociador-chefe de Bruxelas disse que não estar em posição de dizer se o acordo comercial estará concluído a tempo.

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Michel Barnier, negociador-chefe da UE YVES HERMAN/Reuters

O negociador-chefe da União Europeia, Michel Barnier, tem previsto chegar a Londres na noite desta sexta-feira para uma última tentativa de chegar a um acordo comercial com o Reino Unido. As duas partes tentam resolver as diferenças sobre pesca e política de concorrência.

Faltando apenas cinco semanas para o Reino Unido sair totalmente da órbita da UE, a 31 de Dezembro, ambas as partes pedem que o outro ceda e se comprometa, para evitar um final tumultuoso para a crise do “Brexit” que dura há cinco anos. As negociações frente-a-frente são retomadas depois de um hiato de uma semana, devido a um caso de covid-19 na equipa de Barnier, que teve que cumprir quarentena.

“De acordo com as regras belgas, eu nem a minha equipa já não estamos em quarentena. E as negociações em pessoa podem ser retomadas”, disse Barnier no Twitter. “Viajo esta noite para Londres para continuar as negociações.”

Numa reunião à porta fechada para diplomatas em Bruxelas, Barnier disse não estar em posição de dizer se o acordo comercial com o Reino Unido - que saiu da UE a 31 de Janeiro deste ano, o “Brexit” - estará concluído a tempo, disse uma fonte à Reuters. 

As negociações ainda estão presas por em três questões principais - garantias de concorrência justa, governança e pesca - e nenhum dos lados mostrou até agora vontade de ceder para permitir um avanço. A exposição de Barnier não apresentou “uma imagem particularmente brilhante” das negociações, acrescentou o diplomata.

Uma fonte próxima das negociações disse que recentemente foi “difícil” fazer progressos.

O Reino Unido está num período de transição desde 31 de Janeiro, durante o qual tem que cumprir as regras europeias relativas a comércio, viagens e negócios. A partir do final do ano, será tratado por Bruxelas como um país terceiro.

As duas partes tentam chegar a um acordo comercial sobre produtos que salvaguardariam quase um trilião de dólares em comércio anual e garantiam os termos da paz com a Irlanda do Norte inscrita no Acordo de Sexta-Feira Santa (1998). 

Este acordo para a Irlanda do Norte é uma prioridade para o Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que alertou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para a necessidade de manter o estipulado no Acordo da Sexta-feira Santa, que pôs fim a três décadas de conflito sectário.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse na quarta-feira que a UE está pronta para a possibilidade de o Reino Unido deixar de ter qualquer laço com o bloco europeu, apesar do que classificou de “progresso genuíno” nas tortuosas negociações para o pós-"Brexit”.

Uma entrada em 2021 “sem acordo” criaria problemas nas fronteiras, assustaria os mercados financeiros e semearia o caos nas delicadas cadeias de abastecimento que se estendem por toda a Europa, mais ainda num momento em que o mundo enfrenta o vasto custo económico da pandemia de covid-19.