“Sou capaz de sentir simpatia por alguns criminosos. Pelos criminosos por paixão, por tristeza, por injustiça ou preconceito. Pelos criminosos burocratas, não”

Um ano depois de ter anunciado que não daria mais entrevistas, deu-nos uma, mas para falar literatura. Saía de um filme e os filmes estão cheios de História e a História, diz, não nos leva a lado nenhum, “repete-se, só mortes, só tragédia, só escuridão”. Provocador e pessimista. “Quando estava a caminhar aqui em Sintra, a passar pelo centro histórico, disse: gostava de passar pelo centro não histórico de Sintra, ou melhor, pelo centro a-histórico de Sintra”.

Foto
Rui Gaudencio

O vulto distingue-se, acelerado, entre as árvores que ladeiam a alameda. Não faz vento, e o chapéu preto, à James Stewart — como o apresenta — já segue nas mãos. Está atrasado. Olhos no chão, os cabelos brancos num desalinho natural, ao ritmo dos passos. Meia hora a caminhar desde o Centro Olga Cadaval, onde esteve a ver mais um filme. Fez parte do júri da edição deste ano do Leffest, o Lisbon & Sintra Film Festival, que terminou dia 25 com a atribuição do prémio para o melhor filme a The Disciple, de Chaitanya Tamhane.

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