As autoridades francesas estão a investigar o espancamento por parte da polícia de um homem negro, produtor de música. A investigação ocorre depois da divulgação de imagens das câmaras de vigilância e três agentes foram suspensos e detidos preventivamente.

O incidente foi captado pelas câmaras de vigilância e a actuação policial foi divulgada online e pelos media. O Presidente, Emmanuel Macron, disse estar “chocado” e exigiu ao ministro do Interior “medidas claras” contra os agentes.

Numa entrevista à estação de televisão France 2, o ministro do Interior, Gerald Darmanin, disse que os agentes seriam sancionados se o delito for confirmado. “Quando as pessoas ultrapassam os limites, devem deixar de vestir o uniforme da República, devem ser sancionadas e devem ser punidas pelo sistema judicial”, disse.

A vítima, Michel (não foi revelado o seu apelido), disse aos jornalistas na quinta-feira, que foi atacado pela polícia perto do seu estúdio de música em Paris a 21 de Novembro.

Michel contou que estava a andar perto do estúdio sem máscara – violando uma das regras para conter a pandemia de covid-19 – e que entrou no estúdio assim que viu a polícia, para evitar ser multado. No entanto, a polícia seguiu-o para dentro do estúdio e começou a atacá-lo.

“Tive a sorte, ao contrário de muitas outras pessoas, de ter um vídeo que me protege”, afirmou.

Hafida El-Ali, a advogada que representa Michel, acrescentou que o seu cliente vai apresentar uma queixa formal contra a polícia. 

No vídeo, que não tem som, Michel é visto a debater-se com três polícias – dois de uniforme, um à civil – na apertada entrada do edifício durante vários minutos. Michel disse que lutou com os homens por não ter a certeza se seriam ou não polícias.

Dois dos melhores jogadores de futebol franceses, Antoine Griezmann e Kylian Mbappe, protestaram contra a violência policial. “Vídeo insuportável, violência inadmissível”, disse Mbappe no Twitter.

A polícia parisiense já foi criticada esta semana por uso de violência no desmantelamento de um campo de refugiados.

O Parlamento francês aprovou nesta semana uma proposta de lei de Segurança Global que impede a divulgação de imagens de agentes policiais - a lei passou para o Senado mas a polémica que gerou levou o Governo a dizer, nesta quinta-feira, que vai criar uma comissão para propor uma revisão do texto.

A criação da comissão foi criticada pela oposição e pelo presidente da Assembleia Nacional, Richard Ferrand, que à revista Le Point disse que “não é função do Governo substituir as prerrogativas parlamentares”. “Só os deputados escrevem e vota as leis”, disse Ferrand, um próximo do Presidente Macron.