O Benfica teve fim, mas voltou a faltar-lhe o princípio

“Encarnados” empatam em Glasgow depois de terem estado a perder por dois, e podem garantir apuramento na Liga Europa na próxima quinta-feira.

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LUSA/Andrew Milligan / POOL

Um filme repetido. De uma derrota iminente, o Benfica voltou a arrancar um empate frente ao Rangers na Liga Europa, com as mesmas virtudes – capacidade (tardia) de reacção  e os mesmos defeitos – fragilidade defensiva , exactamente como tinha acontecido há três semanas. Em Ibrox, depois de estarem a perder por 2-0, os “encarnados” conseguiram chegar ao 2-2, na 4.ª jornada, deixando as duas equipas bem lançadas para a qualificação no Grupo D, ambas com oito pontos. Este ponto faz o Benfica depender de si próprio para se apurar já na próxima quinta-feira, na Luz, frente ao Lech Poznan (que perdeu com o Standard Liège). 

No lançamento do jogo, Jesus garantiu que o Benfica estava preparado para o estilo agressivo do Rangers e que tinha organização defensiva para o bloquear. Logo ao minuto 7, ficou provado que não estava. Tudo começou num lançamento longo pela direita, em que Grimaldo falhou completamente o tempo de entrada. A bola viajou para o lado esquerdo, onde Barisic teve espaço e tempo para acertar o cruzamento. Kemar Roofe cabeceou, Helton Leite defendeu, Tavernier cabeceou à trave e, à terceira tentativa, Arfield acertou na baliza. 

Três remates seguidos dentro da pequena área justificam a pergunta: qual organização defensiva? O Benfica tinha cinco jogadores no rectângulo, o Rangers tinha três e todos tiveram a sua oportunidade. Mérito de quem ataca, claro, mas tremenda passividade de quem defende. Algo não apenas visível no lance do golo, mas em vários momentos do jogo, como as tentativas de pressão alta débeis e descoordenadas, ou as dificuldades em contrariar a agressividade positiva da equipa escocesa na discussão das bolas divididas.

No ataque, as coisas funcionavam um bocadinho melhor, mas não muito. Pouco depois do golo sofrido, Everton conseguiu ganhar espaço na área do Rangers e teve a baliza à sua mercê, mas o remate saiu para as bancadas vazias de Ibrox. Vinte e cinco minutos depois, o Benfica voltou a aproximar-se com algum perigo da baliza de Allan McGregor, com um cruzamento de Gabriel que foi ao encontro de Everton, mas o brasileiro nem rematou, nem dominou, e o lance perdeu-se. E quase a fechar a segunda parte, Rafa recebeu a bola de Waldschmidt na área do Rangers, mas Balogun fez o corte antes que pudesse haver remate.

Avancemos rapidamente para o meio da segunda parte. A equipa de Steven Gerrard parecia no controlo e o Benfica, já com Pizzi e Diogo Gonçalves, não estava a tirar nada do jogo. Aos 69’, os “encarnados” voltaram a justificar a pergunta: qual organização defensiva? Kemar Roofe não sofreu qualquer pressão dos defesas e, na passada, arrancou um tremendo remate de fora da área que não deu quaisquer hipóteses a Helton.

Jogo acabado? Não. A solução saltaria do banco no minuto seguinte. Gonçalo Ramos, o jovem avançado goleador da equipa B, fez por provar que merece mais consideração do treinador para ser uma arma neste Benfica – poucos dias depois de Jesus ter dito que esperava mais dele, o que não era propriamente um elogio.

Com Ramos e Pizzi, o Benfica dos últimos 15 minutos foi o que não tinha sido nos primeiros 75, pressionante, com capacidade de provocar o erro do adversário, exactamente o que tinha acontecido há três semanas. Aos 77’, Ramos estava no sítio certo para encaminhar a bola para a baliza, que ainda bateu em McGregor e Tavernier (que foi creditado com o golo) antes de entrar. E aos 81’, uma combinação entre Rafa e Ramos (com um toque de calcanhar) deixou Pizzi em posição para fazer o 2-2. Haveria tempo para mais, mas nada mais aconteceu. O Benfica teve fim, mas voltou a faltar-lhe o princípio.

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