Hong Kong: Joshua Wong detido em regime de solitária e com luzes da cela ligadas 24 horas por dia

Político pró-democracia vai ficar isolado durante alguns dias devido a uma “sombra” detectada no seu estômago. Joshua Wong, detido na segunda-feira, pode ser condenado a cinco anos de prisão por ter organizado uma manifestação não-autorizada em 2019.

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Joshua Wong foi detido na segunda-feira e pode enfrentar cinco anos de prisão TYRONE SIU/Reuters

Joshua Wong, proeminente membro do movimento pró-democracia em Hong Kong, está detido em confinamento solitário, com as luzes ligadas 24 horas por dia, depois de uma radiografia ter detectado uma “sombra” no seu estômago, de acordo com o South China Morning Post.

 Wong foi detido em Setembro, acusado de organizar e participar numa manifestação ilegal à porta da sede da polícia em Junho do ano passado, mas foi libertado depois de pagar a caução.

Na segunda-feira, voltou a ser detido, depois de se ter declarado culpado dos crimes, tal como Ivan Lam e Agnes Chow. Desde então, está em prisão preventiva e a sentença será revelada a 2 de Dezembro, podendo ser condenado a cinco anos de prisão.

O gestor da conta de Facebook de Joshua Wong revelou nesta quarta-feira na rede social que Wong foi posto em confinamento solitário e impedido de contactar com outros reclusos, tendo apenas autorização para sair da cela para receber visitas. Além disso, a luz da cela está ligada 24 horas por dia, o que faz com que seja muito difícil dormir.

Os motivos que levaram ao isolamento não foram esclarecidos e o seu gestor de redes sociais refere apenas que foi detectado um “objecto estranho no abdómen”.

“Não estamos a par da situação porque o Departamento de Serviços Prisionais recusa mostrar as imagens”, lê-se na publicação. “As autoridades dizem que o processo pode levar entre três e cinco dias. Até lá, Wong tem de ficar isolado numa cela.”

O South China Morning Post cita uma fonte da prisão e acrescenta que o isolamento se deve a um exame radiográfico, feito a todos os reclusos que dão entrada no centro de detenção de Lai Chi Kok, que revelou uma “sombra” no estômago do detido, apesar de não dar mais esclarecimentos. “Talvez ele tenha engolido alguma coisa, talvez não. Vamos precisar de alguns dias para examinar”, disse a fonte sob anonimato.

Joshua Wong, que já cumpriu duas penas de prisão em 2017 e 2019, é uma das vozes mais activas na defesa da democracia em Hong Kong, tendo sido um dos líderes do movimento de contestação de 2014 conhecido como Revolução dos Guarda-Chuvas, quando tinha apenas 17 anos.

Em Junho deste ano, após a imposição por parte da China da controversa lei de segurança nacional para a região, que prevê sentenças que podem ir até prisão perpétua ou extradição para a China nos crimes que Pequim considera como subversão, secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras, Wong suspendeu a actividade do partido Demosisto, que fundou.

Pouco mais de um mês depois, Joshua Wong, juntamente com outros 11 elementos do movimento pró-democracia, foi impedido de concorrer às eleições legislativas em Hong Kong – estas acabaram por ser adiadas devido à pandemia de covid-19.

Desde que foi detido na segunda-feira, Wong, através das suas contas oficiais nas redes sociais, tem pedido maior atenção à detenção de 12 adolescentes e jovens – entre eles Kok Tsz Lun, um estudante de 18 anos com dupla nacionalidade portuguesa e chinesa –, presos desde Agostos na China por tentarem chegar a Taiwan por mar.

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