Covid-19: França reabre em três etapas. Macron diz que o pior da segunda vaga já passou

França começa a levantar algumas restrições já a partir do fim-de-semana. Franceses vão poder visitar a família no Natal e Ano Novo, mas haverá recolher obrigatório às 21h.

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Reuters/BENOIT TESSIER

A França vai começar a aligeirar o segundo confinamento imposto em termos nacionais já este fim-de-semana, para que no Natal as lojas, teatros e cinemas reabram e as pessoas possam passar o feriado com as famílias, disse o Presidente Emmanuel Macron esta terça-feira.

Num discurso transmitido pela televisão ao país, Macron disse que o pior da segunda vaga da pandemia em França já passou, mas lembrou que restaurantes, cafés e bares terão de continuar fechados até 20 de Janeiro para evitar o desencadeamento de uma terceira onda. “Devemos fazer de tudo para evitar uma terceira vaga e um terceiro confinamento”, disse.

Depois de a imposição do recolher obrigatório em meados de Outubro nas principais cidades francesas não produzir os resultados esperados pelo Governo, foi imposto um confinamento geral de um mês a 30 de Outubro, embora este tenha sido menos rigoroso do que o primeiro confinamento, que vigorou de 7 de Março a 11 de Maio.

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O presidente francês, Emmanuel Macron, durante um discurso transmitido pela televisão ao país REUTERS

Há tendências positivas nos números da covid-19, incluindo uma descida nas hospitalizações, mas os números ainda são elevados. Nos últimos sete dias, houve 12.174 novas hospitalizações e 1833 desses pacientes foram internados nos cuidados intensivos. 

Quando Emmanuel Macron aunciou este novo confinamento ligeiro, a 28 de Outubro, existiam 60 mil novos casos por dia, valor que na semana passada desceu para 20 mil, segundo números avançados pelo Le Monde.

Os proprietários de grandes negócios estavam a pressionar o Governo para que o confinamento fosse aligeirado o mais rápido possível, pois diziam estar em “ruína financeira”. O Governo de Macron faz questão de enfatizar que as pessoas devem contar apenas com uma reabertura gradual da economia e não com um reinício generalizados das actividades.

“Diminuímos a circulação do vírus, mas este continua muito presente na França, como em todo o hemisfério Norte: na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, na Rússia. Devemos continuar com os nossos esforços”, referiu o Presidente durante o seu discurso, citado pelo jornal francêsE se há mudanças de algumas regras, há medidas que se vão manter, pelo menos para já: “Teremos de continuar a ficar em casa, em teletrabalho quando possível, a renunciar a reuniões privadas, reuniões de família e a todas as viagens desnecessárias”.

Um plano com três fases

No sábado, altura em que terá início a fase um, as lojas que vendem produtos não-essenciais (roupa, brinquedos) e os pequenos negócios (cabeleireiros, livrarias) vão reabrir, mas os franceses ainda precisarão de um documento para circular livremente. Poderão fazer exercício durante três horas (em vez de uma) e dentro de um raio de 20 quilómetro das suas casas (em vez de um quilómetro). As actividades religiosas poderão voltar a acontecer, mas o número de fiéis será limitado a 30 pessoas.

Em meados de Dezembro, o confinamento será suspenso se o número de novos casos cair para cerca de 5 mil por dia, disse Macron. Esta terça-feira, por exemplo, a França registou mais de 9 mil casos e ultrapassou as 50 mil mortes. O país tem assim 2.153.815 casos confirmados desde o início da pandemia e 50.237 vítimas mortais.

fase dois começará a 15 de Dezembro: o confinamento será suspenso, mas haverá recolher obrigatório diário entre as 21h e as 7h. Os cinemas e teatros poderão reabrir Já a fase três terá início a 20 de Janeiro, se as outras duas correrem como previsto: os bares, restaurantes e cafés podem reabrir, as universidades podem voltar ao ensino presencial e os ginásios podem abrir portas.

Franceses podem visitar a família no Natal e Ano Novo

Esta terça-feira, quando Macron disse que os franceses poderão viajar pelo país para ver a família durante o feriado de fim de ano e sair de casa para conviver na véspera de Natal e de Ano Novo, muitos cidadãos suspiraram de alívio.

Apesar deste aligeiramento de medidas, previstas para meados de Dezembro, continuará a existir recolher obrigatório das 21h e até às 7h do dia seguinte, à excepção dos dias 24 e 31 de Dezembro, quando os franceses poderão circular livremente. As reuniões na via pública também não serão permitidas nessas noites e as estâncias de desportos de Inverno não vão abrir antes de Janeiro. “As férias de Natal não serão como dantes, disso temos a certeza”, disse Macron. 

As autoridades de saúde destacam que as pessoas começaram a desconsiderar as regras de distanciamento social muito rapidamente depois do primeiro confinamento, o que fez com que a França tenha vivido uma das segundas ondas mais violentas do vírus na Europa.

Os críticos do Governo dizem que este falhou em implementar um sistema eficiente de teste e rastreamento e em incutir um sentido de responsabilidade nos cidadãos. Reconhecendo as falhas do sistema de testes, Macron disse que haveria uma reorganização para que os resultados dos testes estivessem disponíveis, no máximo, dentro de 24 horas e que o Governo e o Parlamento terão que discutir formas de tornar obrigatório o isolamento das pessoas infectadas.

Macron quer primeiras vacinas até ao fim do ano

O Presidente francês disse ainda esta terça-feira que a vacina para prevenir a covid-19 poderá começar a ser administrada já no final do ano em França se for aprovada pelos reguladores. Tal como acontecerá com Portugal, as vacinas que chegarão a França fazem parte dos seis acordos feitos entre a União Europeia e as empresas.

“Vamos organizar uma campanha de vacinação rápida e maciça”, disse Macron. “Muito provavelmente, e dependendo da autorização das autoridades sanitárias, iniciaremos a vacinação das populações mais vulneráveis, portanto dos idosos, já no fim de Dezembro, início de Janeiro”, afirmou, acrescentando que outros grupos populacionais receberiam a vacinação depois disso. Segundo o Presidente francês, a vacinação não será obrigatória.

Emmanuel Macron revelou também que um comité científico será estabelecido para monitorizar a vacinação e que um grupo de cidadãos também participará, para garantir a transparência do processo. Alguns funcionários do Ministério da Saúde disseram à Reuters que um grupo de trabalho está a tratar dos aspectos logísticos e que o equipamento para armazenar as vacinas a temperaturas muito baixas já foi adquirido.

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