Os senhores Smith vão a Chicago
Demonstrativo até à exaustão, interesse muito ligeiro nas personagens.
Os 7 de Chicago, que acabou por ir dar à Netflix por causa da pandemia (e foi, portanto, produzido com as salas de cinema em vista), é a segunda realização de Aaron Sorkin e, como quase todos os filmes e séries de televisão que escreveu, vai buscar a sua essência narrativa à recente história política americana. Em causa está um dos píncaros da contestação à Guerra do Vietname, nos EUA de finais dos anos 1960, o julgamento que ficou conhecido como o dos “sete de Chicago”, um grupo de activistas anti-guerra (que incluia Abbie Hoffman, interpretado por Sacha Baron-Cohen sempre a um passo de o transformar num Borat hippie, Tom Hayden ou Jerry Rubin) acusado de incitar os tumultos violentos que opuseram manifestantes e polícias por oposição da convenção do Partido Democrata em Chicago, em 1968. O argumento estava escrito desde os anos 2000 (Spielberg chegou a ser apontado como realizador) mas este novo timing, que caiu mesmo em cima do grande showdown entre Trump e Biden (o filme chegou ao streaming duas semanas antes das eleições) deu-lhe outro tipo de “urgência” — a questão do direito ao protesto, entre outros possíveis, é um dos vários fantasmas acicatados pela era Trump que o filme põe em evidência.
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