O que a OMS recomenda para avaliar a progressão da covid-19
Se houver 50 a 150 casos da doença ao longo de duas semanas, há uma alta incidência da doença; se for muito alta, 150 ou mais, diz a Organização Mundial de Saúde, em recomendações aos decisores políticos.
As medidas de saúde pública recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter a covid-19 avançam com uma série de indicadores para avaliar a intensidade da transmissão local do novo coronavírus e a capacidade de resposta do sistema de saúde, para apoiar os decisores nacionais. Essas medidas devem ser ajustadas “ao nível administrativo mais baixo para o qual seja possível fazer uma avaliação da situação” – no caso português, o dos concelhos.
Na mais recente actualização destas recomendações, de 4 de Novembro, é revista a classificação da transmissão comunitária do vírus, que é agora subdividida em quatro categorias, desde a ausência de casos, baixa incidência de infecções dispersas, adquiridas localmente, nas últimas duas semanas, incidência moderada de casos no mesmo período, incidência alta e incidência muito alta.
Mas saber o número de casos não basta: é preciso analisar também a capacidade de as autoridades de saúde em dar resposta, primeiro com as medidas de contenção como lavar as mãos, usar máscara, distanciamento físico entre as pessoas e finalmente como os hospitais e centros de saúde conseguem responder ao aumento da procura dos doentes. Assim se constrói um quadro que retrata a situação numa comunidade – que pode ser um país, ou um concelho.
A OMS propõe medidas a pôr em prática pelas autoridades de saúde, e também uma grelha de análise para avaliar, continuamente, o seu impacto sobre as populações – porque esta avaliação contínua, tendo como primeira preocupação o bem-estar das populações, é considerada fundamental.
Propõe vários Indicadores epidemiológicos primários e limites máximos para avaliar o nível de transmissão comunitária do novo coronavírus. Por exemplo, o número de casos novos de covid-19 confirmados por 100 mil habitantes ao longo de duas semanas. Para se poder considerar que a incidência é baixa, devem-se manter abaixo de 20 nestes 14 dias. Se a incidência for alta, haverá 50 a 150 casos; se for muito alta, 150 ou mais.
Este índice é, no entanto, fortemente influenciado pela eficácia do sistema de vigilância, a política de testagem praticada e a capacidade de resposta dos laboratórios que os processam. A OMS considera desejável que se teste uma pessoa por cada mil habitantes por semana.
Quanto às hospitalizações, quando há mais de 30 por cada 100 mil habitantes ao longo de 14 dias, a situação está a ficar descontrolada – chega-se ao mais elevado nível de transmissão comunitária. Em igual período, se um grupo de 100 mil habitantes registar cinco mortes por covid-19, deverá accionar o alerta, pois a transmissão comunitária atingiu o quarto nível, o mais elevado, recomenda a OMS.
Outros indicadores adicionais podem auxiliar e tornar a análise mais complexa e mais completa, como o número de camas ocupadas nos cuidados intensivos – acima de 75% começa a ser preocupante – ou a capacidade de investigar a origem das infecções de cada caso e os seus contactos.