Bolívia pede ajuda à Interpol para localizar ex-ministros da Defesa e do Interior
Os membros do governo de Jeanine Áñez terão passado a fronteira com o Brasil a 9 de Novembro. São acusados no caso deuma compra para as forças de segurança em que o Estado terá sido defraudado em dois milhões de dólares.
Artur Murillo e Fernando López, ministro do Interior e da Defesa até às eleições de Outubro na Bolívia, são procurados por abuso de poder. A Procuradoria considerava que apresentavam risco de fuga e de obstrução das investigações e a Justiça tinha-lhes ordenado que não deixassem o país: as autoridades dizem que passaram a fronteira, em direcção ao Brasil, no dia 9 de Novembro, e pediram agora ajuda à Interpol para os localizar.
O director da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) na Bolívia, Pablo García, confirmou o pedido de busca e já o remeteu para a sede central, em França, escreve a agência de notícias espanhola Europapress. A partir daqui, as informações sobre os dois fugitivos serão partilhadas pelos 194 estados membros. Segundo o novo comandante da polícia boliviana, Jhonny Aguilera, Murillo está no Panamá e López no Brasil.
O mandado de captura contra os dois ex-dirigentes refere-se a alegadas irregularidades na compra de agentes químicos paras as forças de segurança, em Dezembro de 2019, num processo que ficou conhecido como “caso gases lacrimogéneos”.
A investigação partiu de uma denúncia apresentada em Junho por membros do Movimento Para o Socialismo (MAS), agora de regresso ao poder. O partido diz que o Governo de Jeanine Áñez suspendeu uma compra já negociada com a empresa brasileira Cóndor e decidiu comprar cartuchos de gás lacrimogéneo falsamente inflacionados num negócio de 5,6 milhões de dólares (4,7 milhões de euros) realizado com a mediação da Bravo Tactical Solutions, com sede nos Estados Unidos.
A Procuradoria, que diz ter “elementos de condenação suficientes”, acredita que o Estado gastou até dois milhões de dólares a mais nesta compra.
Áñez autoproclamou-se Presidente interina durante uma sessão do Congresso que não teve quórum, Novembro de 2019, na sequência do caos que se seguiu às eleições de Outubro desse ano – a crise política, iniciada com a decisão de Morales se candidatar pela quarta vez, agravou-se durante a contagem dos votos, e a contestação atingiu níveis de enorme violência. Morales acabou por se demitir e exilou-se no México.
O Governo interino esteve no poder até à eleição de Luis Arce, candidato do MAS escolhido por Morales, a 18 de Outubro deste ano.