“Antes da pandemia de covid-19, já tínhamos uma pandemia da diabetes”

Portugal tem diagnosticado “60 a 70 mil novos casos” por ano, diz Sónia do Vale, directora do Programa Nacional para a Diabetes da Direcção Geral da Saúde (DGS).

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Nuno Ferreira Santos

A directora do Programa Nacional para a Diabetes da Direcção Geral da Saúde (DGS) lembrou que já existia uma “pandemia da diabetes” antes da pandemia de covid-19, apelando à prevenção e ao diagnóstico precoce.

Em declarações à Lusa, via telefone, a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala este sábado, Sónia do Vale realçou que “as pessoas com diabetes não têm mais risco de serem infectadas”, mas, uma vez infectadas, “têm um risco maior do que as outras de terem formas mais graves da doença” e, por isso, têm de ser protegidas, nomeadamente recorrendo ao teletrabalho.

Daí que “ter a doença controlada é cada vez mais importante”, frisa a assistente hospitalar graduada de Endocrinologia no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte. A avaliação de risco, concretiza, permite prevenir e alterar comportamentos — alimentação saudável, exercício físico, redução do tabagismo, controlo do peso — e fazer um diagnóstico precoce da doença.

Directora da DGS para a diabetes, Sónia do Vale admite que a pandemia de covid-19 criou “alguns constrangimentos” aos cuidados de saúde para esta doença, mas também trouxe uma “mais-valia": a tele-saúde, com consultas à distância, por telefone ou câmaras videochamada. “Os contactos com os profissionais de saúde continuam a ser muito importantes, ainda mais nesta época de pandemia”, reforça.

A covid-19 trouxe ainda a ideia de lançar um concurso — que deve estar decidido “nos próximos dias”, aponta — para a criação de uma plataforma digital com o objectivo de capacitar os doentes e os seus cuidadores formais ou informais.

Desde o último Orçamento do Estado que o acesso a bombas de insulina deve ser garantido a toda a população elegível.

“Houve atrasos na colocação e desde o verão têm estado a investir mais nisto. Há muitos dispositivos disponíveis, que dão para a grande maioria da lista de espera que temos”, adianta, esperando que “num futuro próximo” as pessoas que possam aceder a este tratamento “o façam, de facto”.

Portugal tem diagnosticado “60 a 70 mil novos casos” por ano, contabiliza, realçando que “ainda há muitas pessoas por diagnosticar”.

Ainda assim, “tem-se feito muitas avaliações de risco”. No final do ano passado, mais de 2,5 milhões de pessoas tinham feito esse cálculo, indica. “Temos mais de um terço da população, seguramente, em risco de vir a desenvolver diabetes”, estima.