Legionella faz mais uma morte em Matosinhos
Um homem de 86 anos morreu no Hospital Pedro Hispano. Esta sexta-feira havia 38 pessoas internadas com a doença do legionário em três hospitais do Grande Porto.
Um homem de 86 anos é a mais recente vítima do surto de legionella que está a afectar os concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim. O homem estava internado na Unidade Local de Saúde de Matosinhos (Hospital Pedro Hispano) e não resistiu à doença, que já vitimou oito pessoas desde o final de Outubro. Segundo os dados dos três hospitais que têm recebido estes casos, esta sexta-feira havia 38 pessoas internadas.
A ministra da Saúde, Marta Temido, foi questionada sobre o surto de legionella que está a afectar a região Norte, mas limitou-se a referir o número de internamentos, sem fazer referência às vítimas mortais, e afirmando que “as autoridades de saúde continuam a investigar”.
Esta semana, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, já dissera que a investigação à origem do surto ainda estava no início, e que estavam a ser analisadas torres de refrigeração de diferentes estruturas (não apenas fábricas), águas de consumo e as secreções de alguns pacientes, não se comprometendo com um prazo para a conclusão destes trabalhos. Contudo, pelo menos um familiar de uma pessoa que está internada com a doença diz ter recebido a informação do delegado de saúde que o contactou, que a fonte da bactéria Legionella pneumophila já foi encontrada e encerrada.
O PÚBLICO questionou a Administração Regional de Saúde do Norte e o Ministério da Saúde sobre esta situação, mas não obteve resposta. As câmaras de Matosinhos e Vila do Conde já fizeram saber que as análises às águas das suas redes não revelaram a presença da bactéria que provoca a doença do legionário. O Ministério Público também já anunciou, entretanto, a abertura de um inquérito ao caso.
Segundo os dados mais recentes sobre o surto detectado a 29 de Outubro, estão internadas nesta sexta-feira 38 pessoas, 15 no Hospital Pedro Hispano (uma das quais em cuidados intensivos), 16 no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde (CHPVVC), e sete no Centro Hospitalar de S. João, no Porto. Este é o único hospital que, até à data, não registou qualquer óbito relacionado com a legionella, tendo as mortes ocorrido no Pedro Hispano (seis) e no CHPVVC (duas). Estes domingo, o S. João informou que um dos doentes que estava naquele hospital teve alta, mantendo-se os restantes seis internados na unidade (quatro em enfermaria e dois em cuidados intensivos).
A doença do legionário não é contagiosa. Contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Os sintomas mais graves são similares aos de uma pneumonia grave e o tratamento pode exigir o uso de um ventilador.
O surto mais grave da doença nos últimos anos aconteceu em 2014, em Vila Franca de Xira, causou 12 mortos e mais de 400 infecções, e teve origem em duas empresas da região, a Adubos de Portugal e a General Electric. Com M.O.