Portugal voltou a ultrapassar os seis mil casos de infecção em 24 horas, um novo máximo desde o início da pandemia que ultrapassa os 6640 casos registados a 7 de Novembro. Até às 24h desta quinta-feira foram detectadas 6653 novas infecções no país e morreram mais 69 pessoas com covid-19. O número de vítimas mortais sobe assim para 3250 e o total de infectados ascende a 204.664 desde o início da pandemia.

O ritmo acelerado de crescimento da pandemia é claro quando olhamos para o número de casos identificados: desde o primeiro caso confirmado, a 2 de Março, até às 100 mil infecções, a 19 de Outubro, passaram 231 dias; de então até aos 200 mil desta sexta-feira passaram apenas 26.

​No entanto, o risco de transmissão da covid-19 está a baixar lentamente, revelou a ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa de balanço da pandemia desta sexta-feira. Está neste momento em 1,11, quando a 22 de Outubro cada doente em Portugal infectava 1,26 pessoas. “Este número deve ser visto com muita prudência”, aconselhou a governante. “Vão demorar semanas, depois de atingirmos o pico da doença, a sentirmos uma diminuição na procura dos hospitais e ainda mais semanas na redução da letalidade”. Por isso, “seria irresponsável abrandar o esforço” em curso para conter a pandemia. 

Os dados do boletim epidemiológico desta sexta-feira da Direcção-Geral da Saúde (DGS), relativos ao dia completo de quinta-feira, indicam que há mais 3693 pessoas recuperadas, subindo assim para 117.382 o número total no país (57% do total de casos). Subtraído o número de mortes e de pessoas recuperadas, há nesta altura 84.032 casos activos em Portugal, mais 2891 do que no boletim anterior.

Há 2799 pessoas internadas (mais cinco do que na actualização anterior), das quais 388 estão nos cuidados intensivos (mais cinco). Apesar das subidas, o ritmo de aumento das hospitalizações tem abrandado nos últimos dias: este é segundo dia consecutivo com um aumento inferior a dez internamentos, algo que não acontecia desde finais de Setembro.

A região Norte ultrapassou os 100 mil casos identificados desde Março (101.684), com mais 4061 identificados na quinta-feira (61% do total nacional). É nesta zona do país que a incidência de novos casos tem sido mais elevada, com 1126 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, de acordo com Marta Temido.

“É a área que enfrenta maior número de novos casos e, consequentemente, maior pressão sobre os serviços de saúde”, observou a ministra. Marta Temida disse ainda que a Administração Regional de Saúde do Norte está a fechar acordos com vários hospitais privados para que, já na próxima semana, estas unidades de saúde passem a receber também doentes infectados com covid-19.

O grupo Trofa vai disponibilizar mais 20 camas, a que se somarão outras 40 – que podem crescer até 80 – da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso. Ainda no Norte já tinham sido criadas respostas alternativas pelo Hospital Fernando Pessoa, pela CUF do Porto e ainda pelo Hospital das Forças Armadas, que, sendo público, depende do Ministério da Defesa e abriu outras 40 camas. 

Em Lisboa e Vale do Tejo, onde foram identificadas 1733 novas infecções, a taxa de incidência é de 466 novos casos por 100 mil habitantes. Estas duas regiões são responsáveis por 87% dos novos casos do boletim desta sexta-feira e concentram quase 86% dos óbitos (59 das 69, com 32 no Norte e 27 em Lisboa e Vale do Tejo).

A ministra da Saúde adiantou ainda que o valor da taxa de incidência a 14 dias da região Centro, onde foram confirmados mais 626 casos e oito mortes (total de 403 óbitos e 19.134 casos), é de 449,9.

O Alentejo, com 251,2, e o Algarve, com 252,9, são duas regiões com uma situação epidemiológica “relativamente próxima”. Até às 24h desta quinta-feira, houve mais uma morte confirmada e 114 novos casos no Alentejo (total de 74 mortes e 3855 casos) e uma morte e 86 novos casos no Algarve (32 óbitos, 3801 infecções. Foram ainda detectados mais 19 casos nos Açores (561 casos, 15 mortes) e 14 na Madeira (614 casos, duas mortes).

Vírus já infectou 8755 profissionais de saúde

O novo coronavírus já infectou em Portugal até ao momento 8755 profissionais de saúde, revelou Marta Temido, tendo sido consideradas recuperadas da doença 5143 destas pessoas. A maioria dos infectados pertence à classe dos enfermeiros (2253 casos), seguindo-se os assistentes operacionais (2037) e os médicos (991 casos).

No final de Outubro, a covid-19 tinha atingido 6500 profissionais de saúde.

A ministra da Saúde reagiu às declarações da directora-geral da Saúde, Graça Freitas, sobre a vacina contra a gripe não chegar para todos quantos a desejam tomar, declarando que só devem recorrer a ela aqueles que realmente precisam de o fazer – ou seja, os grupos predeterminados pelas autoridades do sector, e que incluem um vasto leque de pessoas, de idosos a grávidas, passando por pessoas obesas.

De acordo com dados fornecidos pela governante, foram até agora vacinados 1,4 milhões de portugueses, tendo o Serviço Nacional de Saúde ainda em stock 400 mil doses. “Existe uma nova entrega da vacina prevista para a última semana de Novembro que estamos a tentar antecipar”, adiantou.