Água de Vila do Conde sem sinais de legionella, diz autarquia

Não há novas vítimas mortais a registar e o número de internados baixou, com mais uma pessoa a ter alta dos serviços do Hospital Pedro Hispano.

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O Hospital Pedro Hispano teve, até à data, o maior número de internamentos e também de vítimas mortais Paulo Pimenta

A presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, garantiu esta quinta-feira que a água do concelho já foi testada e que as análises não detectaram qualquer sinal da bactéria Legionella pneumophila, causadora da doença do legionário. Os dados mais recentes dos hospitais da região Norte dão conta de uma ligeira diminuição de internamentos e nenhuma morte nas últimas 24 horas.

Dos três hospitais que, nas últimas semanas, receberam pessoas com a doença do legionário - Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde (CHPVVC), Centro Hospitalar de S. João e Unidade Local de Saúde de Matosinhos (Hospital Pedro Hispano) -, apenas este último registou alguma alteração em relação ao dia anterior. Apesar de haver mais cinco casos identificados de legionella, nenhum precisou de internamento e houve mais uma pessoa a ter alta dos serviços - há agora 17 internados, em vez dos 18 de ontem. O número total de vítimas mortais - cinco no Pedro Hispano e duas no CHPVVC - mantém-se nas sete e o de internados desceu de 40 para 39. 

Esta quinta-feira a autarca de Vila do Conde dirigiu-se aos jornalistas para fazer um balanço do surto que tem afectado, desde o final de Outubro, este município, bem como o de Matosinhos e da Póvoa de Varzim, lembrando que não há ainda resultados sobre a localização da bactéria, “apesar de todos os esforços desenvolvidos pelas autoridades de saúde”. Elisa Ferraz lembrou que o trabalho para identificar a origem do surto é um processo “exigente e moroso, que implica períodos de incubação de amostras”. E deixou a garantia que, apesar desta consciência, a câmara continua a insistir “diariamente” com as autoridades de saúde para a “urgência” em obter uma resposta. 

Na quarta-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, já admitira que não se podia comprometer com um prazo para identificar a origem do surto, explicando que estão a ser realizadas análises em torres de refrigeração de várias estruturas da área (fábricas e espaços comerciais, por exemplo), das águas de consumo (Matosinhos também já deu conta que a bactéria não está presente nas águas do concelho) e também das secreções de alguns infectados, para se confirmar se “as estirpes são as mesmas ou não”. 

Nesse dia, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito, para investigar as causas do surto de legionella que já afectou pelo menos 72 pessoas. Elisa Ferraz também se referiu a este anúncio, no comunicado divulgado na tarde desta quinta-feira, para dar conta que procedimentos deste género são “habituais em situações que comportam infracções de natureza ambiental com reflexo imediato na vida e saúde das pessoas”.

O grupo parlamentar do PCP também já questionou o Ministério da Saúde sobre o que está a ser feito para rastrear “possíveis contágios e prevenção dos mesmos”, lembrando que o surto “assume particular gravidade no actual momento, considerando o surto de covid-19 e a sua especial incidência na região Norte.”​

A legionella não é contagiosa e contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Os sintomas mais graves são similares aos de uma pneumonia grave e o tratamento pode exigir o uso de um ventilador. 

O surto mais grave da doença nos últimos anos aconteceu em 2014, em Vila Franca de Xira, causou 12 mortos e mais de 400 infecções, e teve origem em duas empresas da região, a Adubos de Portugal e a General Electric.

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