Covid-19: UE quer contar com seis vacinas e assina com Pfizer dentro de dias
Até ao momento, a Comissão Europeia já assinou contratos com três farmacêuticas para assegurar vacinas para a Europa quando estas se revelarem eficazes e seguras: a AstraZeneca, a Sanofi-GSK e a Johnson & Johnson, mas quer fazer acordo com pelo menos mais três. A vacina da BioNTech e da Pfizer é uma delas.
A Comissão Europeia quer assegurar o acesso a seis potenciais vacinas para a covid-19 para distribuir na União Europeia (UE) e vai “nos próximos dias” assinar um contrato de aquisição com as farmacêuticas BioNTech e Pfizer.
O anúncio foi feito esta terça-feira pela comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, numa entrevista a várias agências de notícias europeias, incluindo a Lusa.
“Até agora, já concluímos três acordos, com a AstraZeneca, a Sanofi-GSK e a Johnson & Johnson, e já terminámos negociações com outras três produtoras de vacinas — a BioNTech e Pfizer, a Curevac e a Moderna —, portanto é provável que tenhamos um portefólio de cerca de seis vacinas promissoras”, declarou Stella Kyriakides.
“Este era o nosso objectivo desde o início, ter um portefólio que nos permitisse ter maiores possibilidades de sermos bem-sucedidos no acesso a vacinas seguras e eficazes”, acrescentou a responsável nesta entrevista à Lusa e a outras agências, como a AFP e Efe, que será publicada na íntegra na quarta-feira.
A comissária europeia da Saúde classificou ainda como “bastante encorajadora” a notícia de segunda-feira sobre a eficácia de 90% de uma potencial da vacina para a covid-19 das farmacêuticas norte-americana Pfizer e alemã BioNTech.
“No caso da BioNTech e Pfizer, nós já concluímos as negociações e esperamos que este contrato seja assinado nos próximos dias”, após a adopção formal do documento no colégio de comissários de quarta-feira, precisou Stella Kyriakides.
UE já começou a avaliação aos dados
No que toca aos procedimentos de validação, a responsável indicou que “a Agência Europeia dos Medicamentos já começou a sua avaliação contínua dos dados relativos às vacinas da BioNTech e Pfizer e da AstraZeneca”. “Isto significa que a Agência Europeia dos Medicamentos começou já a avaliar a parte preliminar destas vacinas, no que toca a estudos laboratoriais, não a dados clínicos”, explicou.
Já questionada sobre a disponibilização das vacinas aos Estados-membros da UE, Stella Kyriakides salientou que, tal como acordado pelos países, esta será uma distribuição “baseada na população” e será feita ao mesmo tempo para todos, quando as potenciais vacinas se revelarem eficazes e seguras.
Na segunda-feira, a Pfizer revelou que dados provisórios sobre a sua vacina contra o novo coronavírus indicam que pode ser eficaz em 90% dos casos.
O anúncio não significa, contudo, que uma vacina esteja iminente. A análise provisória, de um conselho independente de monitorização dos dados, verificou 94 infecções registadas até agora num estudo que envolveu quase 44 mil pessoas nos EUA e em cinco outros países. A Pfizer não forneceu mais detalhes sobre estes casos e alertou que a taxa de protecção inicial pode mudar até o final do estudo.
Também esta terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse, em comunicado, que o executivo comunitário irá aprovar na quarta-feira a aquisição de 300 milhões de doses da vacina da BioNTech e Pfizer, classificando como a “mais promissora até agora”.
Até ao momento, a Comissão Europeia já assinou contratos com três farmacêuticas para assegurar vacinas para a Europa quando estas se revelarem eficazes e seguras: a AstraZeneca (300 milhões de doses), a Sanofi-GSK (300 milhões) e a Johnson & Johnson (200 milhões).
Itália e Espanha já contam com as vacinas
O ministro da Saúde espanhol, Salvador Illa, revelou esta terça-feira que o Governo espera receber no início de 2021 as primeiras doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech. “Estimamos que podem chegar 20 milhões de doses da vacina da Pfizer e, uma vez que é preciso administrar duas doses, poderíamos imunizar dez milhões de espanhóis”, afirmou Salvador Illa, em entrevista ao programa La Hora de La 1 da RTVE.
Salvador Illa afirmou que a vacina será gratuita e que as doses serão distribuídas pelo Sistema Nacional de Saúde. A priorização da vacina será definida de acordo “com critérios técnicos” e com as recomendações dos especialistas em vacinação, embora o ministro tenha reconhecido que inicialmente a vacina será destinada aos grupos de risco.
Também a Itália espera receber 3,4 milhões de doses da potencial vacina em Janeiro, segundo disse uma fonte do Governo à Reuters nesta terça-feira.
A Itália, um dos países europeus mais afectados pela pandemia, receberá 13,6% das primeiras 200 milhões de doses disponibilizadas à União Europeia, disse a mesma fonte, desde que a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) aprove a vacina em Dezembro. Este fornecimento inicial pode imunizar 1,7 milhões de italianos, já que a vacina requer uma injecção inicial seguida de um reforço, que acontece 21 dias depois.