Transição de poder nos EUA bloqueada por administradora nomeada por Trump
Administração de Serviços Gerais, entidade responsável pelo processo de transição federal, ainda não reconheceu Joe Biden como vencedor, bloqueando verbas e infra-estruturas à equipa do Presidente-eleito.
Uma funcionária nomeada por Donald Trump recusa assinar o documento que dá início à transição de poder, impedindo que a campanha do Presidente-eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, inicie formalmente o seu trabalho, tendo em vista a tomada de posse marcada para 20 de Janeiro de 2021, numa altura em que o chefe de Estado ainda não reconheceu a derrota e não é expectável que o faça em breve.
Até agora, o nome de Emily Murphy era praticamente desconhecido. No entanto, após Joe Biden ter sido declarado pelos media, e perante os resultados, Presidente-eleito, no sábado, Murphy tornou-se, nas palavras do Politico, “a mulher mais poderosa de Washington (temporariamente)” e é nas suas mãos que está o poder para passar o testemunho a Joe Biden, desbloqueando fundos e infra-estruturas que permitam à equipa democrata começar a trabalhar na transição de poder.
Emily Murphy foi nomeada em 2017 por Donald Trump para chefiar a Administração de Serviços Gerais (ASG), uma entidade federal que existe desde 1963 e que, à excepção das eleições de 2000, quando Al Gore contestou o resultado na Florida, reconhece o Presidente-eleito horas ou no máximo um dia depois das projecções dos media, que declaram um vencedor assim que um dos candidatos garante os 270 grandes eleitores no Colégio Eleitoral.
Nestas eleições, perante a incerteza sobre se Donald Trump vai ou não acabar por reconhecer a derrota, a ASG ainda não determinou oficialmente que Joe Biden é o vencedor e está a bloquear a transição de poder, gerando preocupação junto da equipa de Joe Biden, que já apelou à celeridade no processo.
“Agora que a eleição de Joe Biden foi declarada de forma independente, esperamos que a administradora da ASG determine rapidamente Joe Biden e Kamala Harris como Presidente e vice-presidente eleitos”, disse uma porta-voz da equipa democrata em comunicado, citado pelo The Washington Post. “A segurança nacional e os interesses económicos da América dependem da sinalização rápida e clara de que o Governo federal respeita a vontade do povo e que está comprometido uma transferência de poder calma e pacífica”, acrescentou.
Assim que o documento em causa for assinado, a equipa de Joe Biden terá acesso a milhões de dólares para pagar salários dos funcionários que vão integrar o processo que transição, assim como a escritórios nas diversas agências federais, recursos essenciais para os dois meses atarefados que se seguem, até à tomada de posse a 20 de Janeiro.
Pamela Pennington, porta-voz da ASG disse que, até ao momento, “ainda não foi feita qualquer verificação” e que a administradora da agência federal, Emily Murphy, “vai continuar a cumprir todos os requisitos da lei”. Fonte da agência ouvida sob anonimato pelo Washington Post assumiu que ninguém “vai tomar decisões antes do Presidente” quanto à transição de poder.
Tendo em conta que Donald Trump vai avançar com vários processos judiciais nos tribunais para contestar os resultados, a assinatura do documento poderá depender da data de desfecho desses processos. Em último caso, a transição de poder poderá não começar antes de 14 de Dezembro, dia em que os grandes eleitores do Colégio Eleitoral se reúnem na capital de cada estado para oficializar o resultado das eleições.