Samsung Galaxy: um dobrável, dois Note, um tablet e uma surpresa para os ouvidos
Esteticamente semelhante à versão anterior mas com especificações mais musculadas, o novo dobrável Z Fold2 é uma das apostas da Samsung no segmento premium. Mas há mais para este Outono/Inverno: dois Galaxy Note20 com 5G, um tablet com caneta e uns auriculares que valem muito bem o preço.
“Fechado é um smartphone, aberto é um tablet”. Não é exactamente assim, mas estas palavras inscritas na página oficial do novo desdobrável da Samsung são uma descrição aproximada do que se sente na primeira vez que se experimenta um Z Fold. Já o tínhamos feito no ano passado, com um veredicto positivo, que continua válido para esta nova versão, já disponível no mercado português por 2050 euros.
O Galaxy Z Fold2 5G é o mais caro e espantoso smartphone da nova linha — que inclui o Galaxy Note20 Ultra 5G e o Galaxy Note20, com preços a começar nos 990 euros —, um produto que continua a ser experimental, porque a adaptação do ecossistema ainda não está completo.
Isto porque ainda há aplicações que não correm bem no grande ecrã principal de 7,6 polegadas. No Instagram, por exemplo, as imagens são cortadas nas laterais; a app do YouTube não sustenta uma resolução superior a 720p; o Netflix fica com um aspecto estranho, boa parte do espaço a negro.
São apenas alguns exemplos para dizer que, regra geral, o formato quadrado do ecrã principal (22,5:18) continua a não estar alinhado com a experiência visual das aplicações móveis; será uma questão de tempo? Não temos como saber.
Mas uma coisa é certa: é um ecrã extraordinário para ver fotografias ou vídeos captados com o telemóvel e, sobretudo, para ler. Com tecnologia AMOLED e HDR+ a 120Hz, a qualidade da imagem é de encher o olho.
Na forma, destaca-se a ausência do notch (a zona onde são instaladas câmaras e sensores) no ecrã principal e a existência de um ecrã frontal funcional, um AMOLED mais “esticado” — com 6,2 polegadas e um ratio de 25:9 —, que permite uma utilização de tarefas básicas sem ter de abrir o telemóvel — ler e responder com destreza a uma mensagem escrita, por exemplo.
As especificações técnicas estão disponíveis aqui.
Na verdade, em certos aspectos parece que estamos perante um dois-em-um mal afinado. Se, por um lado, os ecrãs apresentam informação diferente (a meteorologia, por exemplo, é definida fora e dentro autonomamente), ao mesmo tempo regista-se uma fluidez notável na transição de fora para dentro (um vídeo no YouTube ou no Netflix transita automaticamente assim que se abre o telemóvel).
Estes reparos reforçam o carácter experimental (porque incompleto) do conceito. A construção é premium e a dobradiça uma obra de engenharia — foi tecnologicamente melhorada em relação ao modelo antecessor.
As três câmaras com sensores de 12MP estão em linha com a qualidade do ecrã, adaptando-se automaticamente aos formatos exterior e interior. Os 4500 mAh da bateria são generosos e já vem equipado com antenas 5G, uma mais valia que de nada serve, no futuro próximo, para quem vive em Portugal.
Contas feitas, o único argumento que justifica o preço exorbitante do Z Fold2 é apenas este: um produto exclusivo, diferente de tudo. Tornar este formato num novo standard é um caminho que continua por fazer.
Z Fold2 em Portugal: “5% até ao final do ano”
Ao PÚBLICO, o director de marketing e produto da Samsung Portugal, José Correia, diz que o “segmento dos dobráveis” vai crescer em 2021.
“Isto não é uma moda para a Samsung”, afirma. “O foco no segmento premium, em particular nos novos telemóveis dobráveis, tem sido uma das grandes apostas em Portugal”, explica o executivo. “É um segmento que, apesar de tudo, está a crescer. Nós contamos que, até ao final do ano, os Fold representem 5% das vendas de segmentos premium em Portugal.”
Para a marca, os portugueses são consumidores exigentes, habituados a topos de gama e que gostam de estar “na crista da onda”: “E há espaço para ser uma ferramenta útil, uma comodidade, e ao mesmo tempo uma ferramenta de status”, argumenta José Correia.
Dois novos Note, mas só um se destaca
Para a linha Outono/Inverno deste ano a Samsung lançou dois modelos Note: Galaxy Note20 Ultra 5G e o Galaxy Note20. Este (outro) topo de gama da marca sul-coreana é um equipamento focado na produtividade que tem como característica de base a S Pen, uma caneta que permite, literalmente, escrever no ecrã.
A tecnologia não é nova, mas este ano a Samsung melhorou substancialmente a resposta da caneta ao toque: no Note20 Ultra 5G, a latência é de apenas 9 milisegundos (na geração anterior era de 42ms) e no Note20 “fica-se” pelos 26ms. Na prática, não se nota a diferença: escrever no ecrã dos novos Note é como escrever em papel — barulho incluído, um efeito com graça que nos aproxima da experiência de escrita.
O que mais sobressai no Note20 Ultra é a excelente qualidade de construção e o facto de ser uma máquina fotográfica excepcional. O ecrã é soberbo, um AMOLED de 6,8 polegadas a 120Hz, e as três câmaras estão alojadas num compartimento que acaba por se tornar na principal características visual do equipamento.
O tamanho anormalmente grande da caixa acaba por se tornar num detalhe de design que sinaliza a potência: a câmara principal tem nada mais nada menos que 108MP. As fotografias são impressionantes e o vídeo também não se fica atrás, sendo capaz de gravar a 8K.
Tudo o resto no Note20 Ultra é de topo: estrutura em aço inoxidável, bateria com capacidade de 4500 mAh, 12MB de memória RAM e 256GB de armazenamento (expansível até 1TB). O preço, também: 1340 euros.
Consulte as características técnicas aqui.
O luxo e robustez do Note20 Ultra coloca o Note20 numa posição desconfortável. Isto porque esta versão é “menos tudo” (menos bateria, memória RAM e de armazenamento, câmaras e ecrã — ficha técnica aqui) e é, ainda por cima, revestido a plástico. Mesmo assim, custa qualquer coisa como 990 euros na versão sem 5G e 1090 euros com 5G. Ou seja, ambos os Note se posicionam no mercado dos mil (ou mais) euros.
A diferença é grande, em particular num mercado como o português, onde o segmento com maior procura se situa entre os 200 e 300 euros — a marca sul-coreana diz que, em Portugal, 40% dos consumidores opta por telemóvel acima dos 500 euros.
O director de marketing e produto da Samsung Portugal, reflectiu positivamente sobre a campanha de pré-venda dos novos telemóveis da gama Note. “Até agora as coisas estão a correr bastante bem. O que nós acreditamos que justifica os resultados é que a pandemia veio definir um novo normal da vida das pessoas”, diz ao PÚBLICO José Correia, acrescentando que “as pessoas estão a procurar equipamentos diferentes e os novos Note são um ‘fit’ quase perfeito com a situação actual.”
É indiscutível que a situação pandémica mudou drasticamente o modo como vivemos online, estamos (ainda) mais agarrados ao mundo digital e procuramos as melhores ferramentas para usufruir dele. Mas isso justifica a existência de dois modelos Note com “apenas” 350 euros de diferença de preço? Como sempre, serão os consumidores a ter a palavra final.
Uma surpresa que se ouve
Outra das novidades da Samsung que tivemos oportunidade de experimentar foram os auscultadores sem fios Galaxy Buds Live. Com um desenho distinto — fazem lembrar um feijão — acomodam-se confortavelmente no ouvido e nunca (nunca) saem do lugar.
Mais surpreendente ainda, é o som. A Samsung e a AKG conseguiram um equilíbrio acústico exemplar para uns auscultadores tão pequenos. A aplicação Galaxy Wearables permite fazer ajustes, proporcionando diferentes ambientes ou puxando por determinadas frequências (graves, médios, agudos).
Estes novos auscultadores usam Bluetooth 5, têm seis horas de autonomia e a caixa garante carga para 20 horas. Vêm ainda equipados com cancelamento de ruído, mas o desempenho é pouco eficiente.
Contudo, é justo dizer que não vale a pena mexer no som de base dos Buds Live. É quanto baste e vale bem o preço: 200 euros.
O retorno dos tablets pós pandemia
A acabar o lineup há o Galaxy Tab S7+ (a partir de 970 euros) que pode ser visto como a resposta da Samsung ao iPad Pro da Apple: é apresentada como um aparelho que pode funcionar tanto para lazer (jogar, navegar na internet e ver Netflix ou YouTube) ou trabalho (participar numa videoconferência enquanto se tira notas no ecrã). A S Pen — a caneta digital da Samsung fica guardada na parte de trás do tablet, onde carrega — é ideal para tirar criar anotações no grande ecrã OLED de 12,4 polegadas, ou simplesmente deslizar pelo ecrã sem deixar dedadas.
A sensação aproxima-se à escrita sobre papel. O tablet, por si, permite ter várias aplicações abertas em simultâneo e tem uma autonomia superior a dez horas. O Tab S7+ pretende preencher a necessidade de um produto que não é um telemóvel, nem um computador e que estava a cair em esquecimento antes da pandemia.
“Existiu claramente um aumento na procura dos tablets com a pandemia”, nota José Correia, da Samsung. “Não estávamos à espera do boom. Nem nós nem ninguém. Nos últimos anos, é um mercado que tem vindo a cair, em parte, porque os telemóveis têm ecrãs cada vez maiores”, admite Correia. “Durante a pandemia a procura de tablets disparou. Não só por pessoas que precisavam de substituir um computador, mas por questões de entretenimento com famílias inteiras em casa”, resume o director de marketing e produto da Samsung Portugal.
Uma “quebra de 10% na receita"
O segmento premium continua a ser um dos focos para a marca sul-coreana, mesmo em época de pandemia.
“Esperamos uma quebra de 10% na receita, face a 2019”, diz ao PÚBLICO José Correia, director de marketing e produto da área de mobile da Samsung Portugal. “Não é um ano perdido”, sublinha. “Em Fevereiro estávamos a registar um crescimento de cerca de 10% face ao ano anterior”, recorda.
“É claro que a pandemia vem afectar de sobremaneira aquilo que estava a ser a performance do mercado. As vendas caíram muito na segunda quinzena de Março. Entre Março e Maio acumulado, o mercado caiu cerca de 25%. Mas a partir de Maio começámos a ver melhorias e Junho e Julho foram meses a crescer.”
Sobre a segmentação dos novos produtos, o responsável justifica o posicionamento da empresa: “Estamos atentos à nossa concorrência. O grande foco é a concorrência na área premium. É claro que há marcas que investem em telemóveis cada vez melhores e mais baratos e temos de conseguir responder, mas a nossa política é liderar a inovação. Não esperar para ver inovação e responder, mas avançar primeiro.”