Partido no poder na Georgia vence legislativas; oposição contesta resultados
A oposição pretende realizar protestos até haver novas eleições e não excluiu boicotar o novo parlamento.
O partido no poder na Georgia venceu as eleições legislativas, segundo os dados quase completos do escrutínio divulgados neste domingo. Mas a oposição rejeita os números e promete manifestações permanentes nas ruas.
Com cerca de 99% dos votos contados, a Comissão Eleitoral deu ao partido Sonho da Georgia 48,07% dos votos e ao maior partido da oposição, o Movimento de Unidade Nacional (MUN), 27,12%.
Vários outros partidos da oposição conseguiram chegar ao 1% de votos que lhes garante lugar no parlamento.
A oposição considera que as eleições foram viciadas e prometeram manter protestos nas ruas até a votação ser repetida.
“Não reconhecemos estes resultados e exigimos novas eleições”, disse Nika Melia, um dos dirigentes do MUN, num comício em frente ao parlamento que juntou milhares de pessoas.
“A luta começa hoje e vamos lutar até ao fim”, disse David Bakradze, do partido Georgia Europeia.
A oposição pretende realizar um novo protesto esta semana e não excluiu boicotar o novo parlamento.
Segundo a Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), as eleições foram competitivas e as liberdades forma, de forma geral, respeitadas. Porém, a OSCE assinalou alguns episódios em que eleitores foram pressionados e notou que não está devidamente respeitada a linha que separa o partido no poder e o Estado o que, disse, “reduz a confiança do público quanto a certos aspectos do processo eleitoral”.
O partido no poder, fundado pelo homem mais rico da Georgia, Bidzina Ivanishvili, diz ter votos suficientes para formar Governo sozinho neste país do Sul do Cáucaso. Uma aliança de 30 partidos da oposição anunciara na sexta-feira que não se coligaria ao Sonho da Georgia.
“Não há dúvida que vencemos”, disse Irakli Kobakhidze, o secretário executivo do partido.
Kobakhidze disse que os candidatos do Sonho da Georgia conseguiram a maioria em 30 eleições individuais, ainda que em alguns casos possa ser necessária uma segunda volta porque nenhum candidato conseguiu 50% dos votos. Os candidatos eleitos em nome próprio preenchem 30 dos 150 lugares do parlamento.
A oposição acusa o partido no poder de ter comprado votos de ter ameaçado eleitores, assim como de ter violado o processo de contagem. O Sonho da Georgia negou as acusações mas reconheceu terem existido algumas irregularidades técnicas na votação.
A economia do país foi duramente atingida pela disseminação do coronavírus e a previsão do Governo é que recue 4% em 2020. A popularidade do Governo diminuiu e a oposição acusa-o de administrar mal a economia, de exercer uma justiça selectiva, de ter uma política externa fraca e de reprimir a dissidência com a dispersão violenta de protestos.
Os críticos dizem que é Ivanishvili, que não ocupa qualquer cargo, é quem de facto manda no país.
Um terço do território da Georgia é controlado por separatistas pró-Rússia desde 2008, quando houve um conflito armado com Moscovo.
Quer o Governo quer a oposição dizem querer que a Georgia se junte à União Europeia e à NATO, a que a Rússia se opõe.