Ser um pensador independente
Sim, a filosofia pode ajudar-te a pensar melhor e na difícil e diária tarefa de viver. Descartes ajuda-te a encontrar a clareza no discurso. Kant explica-te que criticar não passa propriamente por dizer mal, mas sim por levar as ideias a uma espécie de “tribunal” onde as podemos compreender e interrogar.
Uma pergunta difícil
Há umas semanas fui a uma consulta de ortopedia. Não conhecia o médico e não tinha sequer “ficha” naquela clínica. Assim, as primeiras perguntas foram mais sobre mim do que sobre a dor que me levou a marcar a consulta. “Qual é o seu nome completo?”, “Que idade tem?” e aquela pergunta que me deixa sempre sem saber o que dizer: “Qual é a sua profissão?”.
Eu estava de máscara e com óculos, a um metro de distância do médico, e ainda assim foi visível o meu embaraço: “Pois, sabe, senhor doutor, essa é uma pergunta muito difícil. Não sei se consigo responder... tendo em conta o que me traz aqui, posso dizer que passo várias horas ao computador, a teclar.”
O médico encolheu os ombros e ficou sem saber o que escrever no formulário. “Sou freelancer, senhor doutor.” Honestamente, o senhor ficou a saber o mesmo, mas o essencial estava lá: muitas horas passadas ao computador.
Uma resposta “anormal”
Honestamente, o que gostaria de poder responder sem que achassem estranho ou me dissessem “ok, mas a sério, o que faz?” seria um “sou uma pensadora independente”. O meu trabalho acontece todo em volta de perguntas (nas oficinas de filosofia) e da identificação e resolução de problemas (na área da estratégia digital).
Tu também podes ser um pensador independente (ou pensadora independente). Não tens de te dedicar a isto, a tempo inteiro, como eu; podes incluir práticas no teu dia que permitem a independência do teu pensamento.
Filósofos que te podem ajudar a viver
Há filósofos que nos ajudam nesta tarefa. Sim, a filosofia pode ajudar-te a pensar melhor e na difícil e diária tarefa de viver.
Descartes ajuda-te a encontrar a clareza no discurso.
Kant explica-te que criticar não passa propriamente por dizer mal, mas sim por levar as ideias a uma espécie de “tribunal” onde as podemos compreender e interrogar.
Dexter (sim, o da série!) ensina-nos que ir por partes poderá ser a melhor opção para resolver um problema.
Sócrates mostra-nos o poder do diálogo.
Simone de Beauvoir apresenta-nos a possibilidade de pensamento envolvido na primeira pessoa.
Sousa (eu!) aconselha a que reserves tempo na tua agenda entre tarefas e entre reuniões, para que possas preparar-te e pensar no que vais dizer ou antecipar cenários.
Aristóteles recomenda caminhadas para nos ajudar a pensar.
Uma sugestão
Para evitar que te lances sem orientação no consumo desenfreado de textos filosóficos, estou disponível para te ajudar. Eis a primeira sugestão: conhecer um pouco da história da Filosofia e dos seus protagonistas, assistindo às aulas do colectivo Isto Não é Filosofia (INÉF). O curso é gratuito e pode ser acedido através do YouTube.
O caminho para ser um pensador independente exige esforço e dedicação. É uma espécie de Long and Winding Road, como diria o colectivo filosófico e musical The Beatles, aka The Fab Four. Quando começas?