“Temos de agir já”: França e Alemanha com novos confinamentos parciais
Escolas vão manter-se abertas nos dois países. Em França vai ser preciso mostrar autorizações para circular. Merkel quer com novas “medidas duras” evitar um novo confinamento geral.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o país vai entrar num novo período de confinamento nacional, embora não tão restrito como o do início da pandemia, depois de antes a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciar um semi-confinamento durante quatro semanas.
Macron detalhou potenciais cenários de acção e a situação do país - “Haverá 9000 camas de cuidados intensivos ocupadas por doentes com covid-19 dentro de duas semanas”; essa é a capacidade total destas unidades —, para anunciar “um novo confinamento nacional” que começa na noite de quinta para sexta-feira. “Cada segundo conta.”
Ainda assim, este confinamento é diferente do anterior, com base no que já se aprendeu, disse o Presidente francês. Por exemplo, aprendeu-se que é importante manter infantários e escolas abertas, ou permitir visitas aos lares ou a doentes a receber cuidados paliativos, “desde que com os cuidados máximos”. Os cemitérios vão manter-se abertos no fim-de-semana, adiantou.
Mas, para sair de casa, é preciso uma razão, disse Macron. Tal como no confinamento anterior, e confirmada por declarações. Seja para ir de casa para o trabalho — embora o teletrabalho seja incentivado sempre que possível, sublinhou —, ao médico, às compras, ou fazer exercício.
Vão continuar abertos os serviços públicos e actividades como a construção, disse Macron, apelando a todos que “apoiem os negócios do vosso bairro, peçam refeições ou ajudem de outro modo”.
Embora tente proteger a economia, Macron disse que não vê como pode a economia estar saudável com um vírus a assoberbar o sistema de saúde e a provocar milhares de mortes, e com os médicos nos hospitais “a ter de decidir que doente tratar e que doente deixar ir”.
Macron disse ainda que a situação não é exclusiva de França e defendeu que “o vírus espalha-se a um ritmo que mesmo as previsões mais pessimistas não antecipavam”. França registou esta quarta-feira 36.437 novos casos de infecção e 523 mortes (as medidas serão relaxadas quando o número de infecções diárias baixar para cinco mil, disse Macron).
"Perdemos o controlo”, diz Merkel
A chanceler alemã, Angela Merkel, que foi acusada de alarmismo quando, no mês passado, sugeriu que no país poderia haver 19 mil infectados por dia na altura do Natal, concordaria com a afirmação de Macron sobre as previsões mais pessimistas — o número que indicou parece agora baixo, quando a Alemanha registou 14,964 infecções, um recorde, e 85 mortes.
Merkel também anunciou esta quarta-feira as medidas na Alemanha: o encerramento de estabelecimentos como bares, restaurantes, cafés, ginásios, cinemas e salas de espectáculos ao vivo a partir de segunda-feira, 2 de Novembro, durante quatro semanas.
“Medidas duras” que são um esforço de não voltar a ter de decretar um confinamento nacional, disse. “É muito claro que temos de agir, e já.”
Outras restrições incluem as dormidas em hotéis, disponíveis apenas para casos excepcionais. Ao ar livre, podem-se encontrar no máximo dez pessoas que pertençam a não mais de duas famílias ou agregados familiares.
As lojas vão poder estar abertas se no interior estiver apenas um cliente por cada dez metros quadrados.
A maior excepção a estas regras são as escolas: o principal objectivo é, sublinhou a chanceler, manter infantários e escolas abertas e a funcionar.
“Estamos num ponto em que, em média a nível nacional, já não sabemos de onde vêm 75% das infecções”, notou Merkel. O que significa isto? “Perdemos o controlo.” Já não é possível, em certos locais como Berlim, manter o sistema rastreio de contactos — que o Financial Times classificou como “a arma secreta da Alemanha contra o vírus”.
O país não se pode arriscar, continuou Merkel, a ficar com o sistema de saúde sem capacidade, o que com a dinâmica exponencial actual aconteceria “dentro de semanas”.
Em Espanha, onde no domingo o Governo de Pedro Sánchez aprovou um estado de emergência que implica recolher obrigatório nocturno e deu às regiões mais poder para decidir medidas de restrição, acções adicionais continuavam a ser discutidas, incluindo proibição de circulação entre elas — Madrid deverá ficar sujeita a esta medida apenas nos dois próximos fins-de-semana, que são prolongados.
Segundo o diário El País, outras regiões, como a Catalunha, estão a considerar medidas além das nacionais, como o encerramento da restauração ou a suspensão das actividades desportivas.