André Ventura exclui coligação à direita e lembra que PSD se afastou do Chega
Líder do Chega recusa integrar um acordo para assegurar o Governo regional dos Açores
O líder nacional do Chega rejeitou no domingo à noite qualquer acordo de coligação que permita à direita governar os Açores, depois de o PS ter perdido a maioria absoluta, lembrando que foi o PSD que se afastou do seu partido.
“Amanhã ao almoço, quando estiverem todos sentados a definir um acordo de coligação, eu sei que partido não vai lá estar. Esse partido é o Chega”, afirmou André Ventura, em reacção aos resultados finais das eleições legislativas regionais, num hotel de Ponta Delgada.
O PS perdeu a maioria absoluta nas eleições regionais dos Açores, só tendo conseguido eleger 25 deputados do total de 57 parlamentares da Assembleia Legislativa Regional. Conseguiu 39,13% (40.701 votos).
Uma coligação de direita, com PSD, CDS, Chega, PPM e Iniciativa Liberal, atinge os 29 deputados, o necessário para uma maioria absoluta.
“Nós temos valores e convicções. Ou aceitam ceder e juntar-se a nós nestas convicções ou nós não aceitamos vender-nos por lugares, nem por governabilidades, nem por chantagens, que é isso que os outros partidos estão a fazer”, acrescentou.
Na sua intervenção, André Ventura considerou que as eleições de domingo “são um aviso ao país e à direita”. Ao país porque tem “de contar com o Chega a partir de agora” e à direita porque “nenhum cálculo político, nenhum círculo político, nem nenhuma instituição” poderá “fazer política sem pensar no Chega”.
Nesse sentido, deixou críticas directas ao líder do PSD, Rui Rio, que acusou de “se ter afastado do Chega” e de ter estado “sempre ao lado do Partido Socialista, sempre a dar a mão ao Governo, sempre a dar a mão aos interesses instalados”.
“Enquanto o PSD não aceitar defender quem trabalha e paga impostos, não aceitar a reforma da justiça e reduzir o número e deputados, o dialogo connosco é zero”, afirmou o líder nacional do Chega, sublinhando que Rui Rio “sempre soube as condições para o diálogo”.
“E agora viram a força do Chega e vêm dizer que já somos amigos e já conversamos. Connosco não é assim”, reiterou.
Dirigindo-se ainda ao presidente do PSD, Ventura deixou um aviso: “Estas eleições marcam o início de um novo paradigma em Portugal. […] Nós avisámos que não havia caminho para o PSD sem o Chega”.
“Se o doutor Rui Rio não perceber o resultado destas eleições e a força que o Chega ganhou nos Açores, não percebeu nada do que se passa em Portugal ao longo dos últimos meses”, acrescentou.
Apesar de o partido ter falhado nestas eleições o objectivo de eleger três deputados e ser a terceira força política na região, definido durante a campanha eleitoral, André Ventura deixou já a meta para as legislativas regionais de 2024: tornar o Chega na “segunda força política” dos Açores.
Na primeira vez que concorre nos Açores, o Chega obteve 5,06% (5260 votos) — foi o quarto partido mais votado — e elegeu dois deputados, entre os quais o líder regional do partido, Carlos Furtado, pelo círculo eleitoral de São Miguel.
O PSD, com 33,74% (35.091 votos), garantiu 21 mandatos, seguido pelo CDS-PP com 5,51% (5734 votos), que elegeu três deputados, além de um parlamentar em coligação com o PPM. O BE, como o Chega, conseguiu dois mandatos, depois de alcançar 3,81% (3962 votos).
O PPM obteve 2,34% (2431 votos) e elegeu um deputado, além de um outro eleito em coligação com o CDS-PP.
A Iniciativa Liberal, que também concorreu pela primeira vez à Assembleia Legislativa dos Açores, conseguiu 1,93% (2012 votos) e elegeu um deputado, assim como o PAN, que teve percentagem idêntica e apenas menos oito votos.
A coligação PCP/PEV, que tinha eleito um deputado há quatro anos, não conquistou nenhum mandato, tendo obtido 1,68% (1745 votos).