Os auéééu testam a verdade em dois teatros ao mesmo tempo

Dizem que se separaram e que, por essa mesma razão, vão apresentar um espectáculo com o mesmo nome, F, em simultâneo no D. Maria II e no São Luiz, de 28 de Outubro a 8 de Novembro. Uma reflexão (ou duas) sobre a fraude e a autoria na arte.

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filipe ferreira

Na História de cada uma das várias práticas artísticas vão-se acumulando, ao longo dos anos, exemplos de obras apócrifas, desaparecidas, de autoria suspeita ou pouco consensual. Forjam-se mitos e narrativas mais ou menos fantasiosas, alimentam-se esperanças sebastiânicas de que um dia nos chegarão obras-primas que, devido às mais variadas razões, foram mantidas em segredo ou ficaram perdidas atrás de uma cómoda ou no meio de papelada irrelevante. No caso da companhia lisboeta teatral auéééu, fundada em 2014 por um conjunto de finalistas da Escola Superior de Teatro e Cinema, o brilho chamativo de uma dessas revelações à espera de acontecer terá levado o grupo a contactar o Teatro Nacional D. Maria II e o São Luiz Teatro Municipal para apresentar em simultâneo uma peça alegadamente escrita por Samuel Beckett em 1951, intitulada Leão Marinho, que, dizem os auéééu, “propõe a realização de um mesmo espectáculo em dois teatros diferentes a decorrer ao mesmo tempo”.

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