Falhas na quarentena contribuem para “boa parte” dos novos casos na Europa, diz OMS
Mike Ryan diz que os países europeus deviam seguir o exemplo dos estados asiáticos e do hemisfério Sul, persistindo nas medidas de prevenção do contágio e impondo a quarentena obrigatória a todos os contactos de pessoas infectadas.
O especialista em emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS) Mike Ryan disse, esta segunda-feira, que o aumento das taxas de transmissão nos países europeus e na América do Norte se deve “em boa parte” ao fracasso da quarentena imposta a pessoas expostas ao novo coronavírus.
Mike Ryan disse que, se pudesse realizar um desejo, escolheria garantir que “todos os contactos de um caso confirmado se mantivessem em quarentena pelo período apropriado”.
O responsável considera que os países europeus e norte-americanos deveriam seguir o exemplo dos estados asiáticos e do hemisfério Sul, como o Japão, a Austrália, a China ou a Coreia do Sul, persistindo nas medidas de prevenção do contágio e impondo a quarentena obrigatória a todos os contactos de pessoas infectadas.
Na sua opinião, as populações destes países demonstraram “maiores níveis de confiança” nos seus governos, que, por sua vez, mantiveram medidas de combate ao vírus durante mais tempo.
“Por outras palavras, correram até à linha da meta e continuaram a correr depois de a alcançarem, porque sabiam que a corrida não tinha acabado, essa linha era falsa. Demasiados países estabeleceram uma meta imaginária e, quando a atravessaram, desaceleraram”, explicou Mike Ryan.
Na mesma conferência de imprensa, o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, exortou as autoridades a continuar a luta contra o vírus, que já infectou 40 milhões de pessoas e matou mais de um milhão. “Eu sei que existe fadiga, mas o vírus já mostrou que, quando baixamos a guarda, pode voltar a uma velocidade vertiginosa e ameaçar hospitais e sistemas de saúde”, disse Tedros.