Filhos de mães diabéticas têm pressão arterial mais elevada durante a infância
Estudo acompanhou 586 grávidas com diabetes (a grande maioria com diabetes gestacional) e avaliou as crianças em três momentos diferentes: aos quatro, sete e dez anos de idade.
Investigadores da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) concluíram que as crianças expostas à diabetes das mães durante a gravidez apresentam valores de pressão arterial mais elevados, o que potencia o risco de desenvolverem hipertensão na vida adulta.
“Percebemos que as crianças expostas à diabetes in utero apresentam uma trajectória de pressão arterial sistólica mais acelerada, e que aos dez anos têm uma pressão arterial sistólica e diastólica mais elevada em comparação com as crianças não expostas”, afirma, em comunicado, Joana de Oliveira Miranda, uma das autoras deste estudo, publicado na revista Hypertension.
A investigadora e professora da FMUP esclarece que “a exposição a determinados factores na vida intra-uterina conduz a alterações na estrutura e função do sistema cardiovascular, que perduram até à vida adulta”.
Embora seja reconhecida a associação em adultos, ainda são poucos os dados que relacionem a diabetes das mães com a hipertensão dos filhos na infância. Nesse sentido, a equipa de investigação procurou perceber o impacto que a exposição à diabetes no período intra-uterino tem nas trajectórias de pressão arterial durante os primeiros anos de vida.
Os investigadores apontam o período perinatal e a primeira infância como janelas de oportunidade para intervenções que possam modificar o impacto da exposição à diabetes nas crianças. “Mesmo aumentos ligeiros da pressão arterial podem ter importantes implicações para a saúde dos indivíduos”, conclui Joana de Oliveira Miranda, que assinou o artigo científico “Maternal Diabetes Mellitus as a Risk Factor for High Blood Pressure in Late Childhood” em conjunto com os investigadores Rui João Cerqueira, Henrique Barros e José Carlos Areias.
A investigação acompanhou 586 grávidas com diabetes (a grande maioria com diabetes gestacional) integradas na coorte Geração 21, e avaliou as crianças em três momentos diferentes: aos quatro, sete e dez anos de idade. Durante o mesmo período, as crianças expostas à diabetes apresentaram também um índice de massa corporal (IMC) significativamente maior do que aquelas que não haviam sido expostas.