Câmara do Porto “vigilante” não avança com medidas municipais de combate à pandemia. Pelo menos para já
Executivo de Rui Moreira foi dos primeiros do país a adoptar medidas restritivas na primeira fase da pandemia. Desta vez, e apesar do aumento de casos dos últimos dias, autarquia espera recomendações do Governo e autoridades de saúde.
A Câmara do Porto está “vigilante” face à subida de casos de covid-19 dos últimos dias, mas não deverá avançar, para já, com medidas mais restritivas de combate à pandemia. “Estamos atentos às orientações das autoridades de saúde e àquilo que o Governo imanar”, disse ao PÚBLICO o gabinete de comunicação. A autarquia liderada por Rui Moreira está em articulação com a Protecção Civil e já fez o trabalho de casa, tendo “uma série de respostas que podem ser activadas” caso seja esse o entendimento desta entidade, em articulação com Governo e autoridades de saúde: “Estamos disponíveis para colaborar nessa activação caso seja necessária.”
A decisão da autarquia, que na primeira fase da pandemia, em Março, foi das primeiras do país a avançar com um pacote de medidas restritivas para travar o avanço do novo coronavírus, tem agora em conta o “histórico” de aprendizagem e uma fase onde, apesar dos números preocupantes, há já menos desconhecimento e incerteza face à doença.
Os últimos dados disponibilizados pela Direcção-Geral de Saúde referem a existência de 2320 casos confirmados no concelho do Porto, que a nível distrital é ultrapassado apenas por Vila Nova de Gaia, com 2589 casos. Portugal registou esta sexta-feira mais 21 vítimas mortais e 2608 casos de infecção.
Esta quarta-feira, a Câmara do Porto enviou um ofício à Comissão Distrital de Protecção Civil do Porto onde dava conta dos espaços disponíveis na cidade para servirem de estrutura de apoio distrital, garantindo ainda um apoio mensal de 50 mil euros. A Pousada da Juventude, que em Março foi utilizada como segundo centro de retaguarda para receber idosos assintomáticos ou com teste negativo ao SARS-CoV-2, poderia ser utilizada novamente para dar “apoio a pessoas com teste negativo”, sugeriu Rui Moreira, falando nas “excelentes condições” do espaço. Para garantir o funcionamento do equipamento, que seria de abrangência distrital, a autarquia está disposta a dar um apoio mensal de 50 mil euros.
Fora dos planos ficou já o Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, que foi preparado para funcionar como hospital de campanha em Abril e acabou por ser desmontado em Junho, depois de vários dias sem casos de Covid-19 na cidade. Segundo Rui Moreira, terá sido o próprio presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil, Marco Martins, a comunicar-lhe que “há alternativas que melhor podem responder às necessidades de hospitalização”, opinião que também já havia sido partilhada pelo director do Hospital de São João, Fernando Araújo.
Rui Moreira defende, no mesmo ofício, a criação de uma “estrutura distrital de acolhimento de pessoas com teste positivo, sem critério de internamente hospitalar e que não o possam fazer no contexto familiar”, acrescentando que essa resposta deve ser concretizada por um operador especializado, “preferencialmente na área da saúde”.
Caso seja necessário ter um espaço desse género, a autarquia já identificou imóveis capazes de dar essa resposta. Utilizar as antigas instalações do Hospital Maria Pia ou o Seminário de Vilar, gerido pela Diocese do Porto, podem ser soluções.
Também para as pessoas em situação de sem-abrigo poderá ser accionada uma resposta célere, que passa pelas antigas instalações do hospital Joaquim Urbano, com capacidade para 40 pessoas.