Trabalhadores da Petrogal defendem que Estado recupere controlo da empresa

Futuro dos postos de trabalho nas refinarias da Galp é uma preocupação. Governo só pode “dirigir” processo de transição energética com “controlo público sobre empresas estratégicas como a Petrogal”, diz comissão de trabalhadores.

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A produção de combustíveis na refinaria de Matosinhos está suspensa Paulo Pimenta

A comissão de trabalhadores da Petrogal esteve reunida com o secretário de Estado da Energia, João Galamba, num encontro onde defendeu que o Estado deve reforçar o seu peso no capital da Galp, em que é actualmente o segundo maior accionista.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a comissão de trabalhadores da empresa do grupo Galp onde está o negócio das refinarias sustenta mesmo que a única forma de o Estado controlar de “forma eficaz” os recursos envolvidos no processo de transição energética é “através da propriedade pública das empresas estratégicas para o processo”, como a Petrogal.

Explicando que “prossegue os seus contactos com o Governo e outras entidades no sentido de sensibilizar os agentes políticos e sociais para a necessidade de clarificar o que se pretende com a tão falada transição energética” e de se preservarem no processo “os postos de trabalho e o aparelho produtivo nacional”, a comissão de trabalhadores da Petrogal diz ter ficado “claro na reunião” com o secretário de Estado “que o Governo se demite das suas responsabilidades de segundo accionista na Galp”.

O Governo recusa-se a “equacionar o aumento da sua participação” na empresa (de 7,48% detida através da Parpública) e “em vez de projectar na Empresa/Grupo [Galp] a sua intervenção no sector para a defesa das questões estratégicas de soberania e desenvolvimento”, limita-se “a esperar receber dividendos”, lê-se no comunicado.

Os trabalhadores da Petrogal, que foram confrontados no final da semana passada com a decisão da empresa de suspender temporariamente a produção de combustível na refinaria de Matosinhos devido à quebra da procura e dos preços, dizem ter recebido de João Galamba “a declaração” de que “o Governo preconiza a continuação do sector refinador nacional com ambas as refinarias em funcionamento por muitos anos”.

Lamentam, no entanto, que “a sua demissão de ter um outro papel na Galp e no sector” faça temer estarem perante “uma declaração vazia” e não “uma garantia” que os “possa descansar”.

A comissão de trabalhadores critica ainda o Governo por “pretender levar a cabo uma alteração profunda da matriz energética” do país “sem outro investimento público que a transferência de milhares de milhões de euros de fundos comunitários” para as empresas de energia.

Garantem que o executivo “só poderá dirigir” o processo de transição energética “recuperando o controlo público sobre empresas estratégicas como a Petrogal”. E, mencionando os “mega-projectos do hidrogénio” (em que a Galp participa num consórcio que inclui outras empresas como a EDP e a REN), rejeitam que a estratégia seja “derramar milhares de milhões de euros sobre o sector”.

Como não há “qualquer alternativa aos combustíveis fósseis que não exija uma dose massiva de subsídios públicos” dizem que o “processo tem de ser conduzido controlando os recursos envolvidos” e que a forma de o fazer é “através da propriedade pública das empresas estratégicas para o processo”.

“Se não, em vez de transição energética teremos essencialmente o que temos tido: uma transição de milhares de milhões de euros de fundos públicos (comunitários) para bolsos privados”, deixando “o país e a economia mais pobres”, concluem.

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