Diogo Jota, o herói substituto de Portugal
Dois golos e uma assistência do avançado do Liverpool no triunfo português por 3-0 em Alvalade sobre a Suécia, em jogo a contar para a Liga das Nações.
Quando Cristiano Ronaldo não está na selecção portuguesa, a sua ausência será sempre mais comentada e explorada do que quem quer que o vá “substituir” (tem de ser sempre entre aspas porque não é alguém substituível). E nunca a sua ausência terá sido tão explorada como esta, motivada por uma infecção de covid-19. Sem Ronaldo, Fernando Santos repetiu a solução Diogo Jota para o lugar do capitão e foi o homem do Liverpool a alimentar com dois golos e uma assistência o triunfo português por 3-0 sobre os suecos, na quarta jornada do Grupo 3 da Liga das Nações.
Este triunfo mantém a selecção portuguesa no topo do agrupamento, com 10 pontos, tal como a França, que bateu a Croácia (1-2) em Zagreb, mas com uma diferença de golos maior (oito para quatro dos franceses). Com duas rondas ainda por disputar, apenas Portugal e França estão na luta pelo apuramento para a final a quatro, sendo que tudo pode ficar já decidido na próxima jornada, a 14 de Novembro, com um Portugal-França na Luz – quem ganhar qualifica-se (já que o primeiro critério de desempate são os pontos somados entre ambos), um empate deixa tudo para a ronda final, em que Portugal terá de jogar na Croácia e a França recebe a Suécia.
Em Alvalade, Portugal esteve menos no controlo do que tinha estado em Paris, há quatro dias. Talvez motivada pelo cansaço ou pelo menor estatuto do adversário, a selecção orientada por Fernando Santos foi menos monolítica e mais dispersa, a aventurar-se mais no ataque e a deixar buracos mais atrás. Mas a verdade é que, antes dos cinco minutos, já podia estar a ganhar por 2-0.
Ainda mal tinham passado 60 segundos e já Diogo Jota tinha arrancado um remate rasteiro e perigoso que saiu ao lado da baliza de Olsen e, aos 4’, foi William Carvalho a cabecear ao poste após cruzamento de Cancelo. Aos 13’, os suecos responderam, com Lustig, em posição frontal, a falhar completamente o alvo após um mau alívio de Pepe.
Acabou a “seca” de golos
Aos 21’, a rapidez e mobilidade dos homens da frente da selecção portuguesa deu frutos. Bruno Fernandes conseguiu dar um toque na perfeição para Diogo Jota, que, rodeado de defesas suecos, optou por fazer o passe para o liberto Bernardo Silva, que acabou com a “seca” de golos da selecção portuguesa nesta última semana – com o duplo 0-0 com Espanha e França, mais os 21 minutos do jogo com a Suécia, Portugal já ia em 201 minutos sem marcar um golo.
A Suécia não se encolheu e voltou a estar perto do golo aos 34’, numa jogada de Lustig pelo flanco direito, a que se seguiu o cruzamento para o remate de Berg, que embateu no poste da baliza de Rui Patrício.
Fernando Santos diria após o jogo que a Suécia merecia ter marcado um golo em Alvalade e tinha razão. Mas também tinha razão ao dizer que Portugal também podia ter marcado mais.
Esse desperdício seria mais evidente na segunda parte e a culpa foi de outros que não de Diogo Jota (João Félix, por exemplo, teve uma perdida incrível quando só tinha o guarda-redes sueco pela frente). Aos 44’, o antigo jogador de Paços de Ferreira e FC Porto abriu a sua conta no jogo, ao responder da melhor maneira a um cruzamento de João Cancelo, marcando o seu segundo golo ao serviço da selecção.
Ao segundo, seguiu-se o terceiro do jogador em que o Liverpool apostou forte neste Verão. Aos 72’, William Carvalho (boa exibição a atacar, menos boa a defender) calibrou bem o seu passe para a corrida de Jota e a sua técnica e remate fizeram o resto. Tirou dois do caminho, ganhou o espaço que precisava e bola lá para dentro, acabando praticamente com o interesse competitivo do jogo.
Jota acabaria por sair pouco depois, com os aplausos dos cinco mil que estiveram em Alvalade. E, à distância, de Cristiano Ronaldo, o herói habitual de Portugal, a ver o jogo pela televisão na sua casa em Turim. “É como se estivesse aí”, dizia CR7 à “malta” pelo Instagram antes do jogo começar. Sem o seu centro de gravidade, a “malta” voltou a dar-se bem.