Enda Walsh e um teatro de gente que foge da vida

Antes de todos sabermos o que era o confinamento, já o autor irlandês lhe dedicava o seu teatro. Dois dos seus Quartos podem ser visitados e escutados, até 7 de Novembro, no Teatro da Politécnica, em Lisboa, numa encenação de Jorge Silva Melo.

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"O Quarto de Uma Rapariga": divisão de uma rapariga onde relata a sua fuga daquele espaço em que costumava pedir ao pai que lhe contasse histórias da sua infância cortesia jorge gonçalves
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No "Quarto 303", um homem, solitário, tem por única companhia uma mosca varejeira cortesia jorge gonçalves

No teatro do dramaturgo irlandês Enda Walsh, as personagens parecem estar sempre confinadas a espaços dos quais não conseguem escapar-se. Mesmo que se apresentem oportunidades para isso, mesmo que as portas fiquem escancaradas desafiando a que se aventurem no mundo exterior, este é percepcionado como uma ameaça. E recusam, portanto, sair do lugar de segurança em que se encontram, protegendo-se de um mal desconhecido. Um pouco como acontecia no filme O Anjo Exterminador de Luis Buñuel ou na peça Fim de Partida de Samuel Beckett. Era assim que acontecia também em Acamarrados ou Novo Dancing Eléctrico, que os Artistas Unidos já levaram à cena; eram também assim em Misterman, que Elmano Sancho apresentou igualmente no Teatro da Politécnica. Agora, no entanto, com a estreia de Quartos na Politécnica, com sessões de terça a sábado, até 7 de Novembro, desses lugares sufocantes restam apenas as vozes.

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