Desastres climáticos vão afectar 162 milhões de pessoas em 2030

O estudo lembra que, na última metade do século, os desastres naturais associados ao clima causaram mais de dois milhões de mortos, 70% deles em países menos desenvolvidos, e causaram perdas económicas.

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Adriano Miranda

Cerca de 108 milhões de pessoas precisaram de ajuda humanitária em 2018 como resultado de desastres como tempestades, inundações, secas e incêndios florestais, número que pode crescer 50% para 162 milhões em 2030, segundo a Organização Meteorológica Mundial.

O alerta é divulgado nesta terça-feira, Dia Internacional da Redução do Risco de Desastres, pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) num relatório conjunto com 15 agências e instituições internacionais.

No relatório, a organização lembra que uma em cada três pessoas no mundo não está coberta por sistemas de alerta precoce contra este tipo de catástrofes.

“Estar preparado e ser capaz de reagir na hora certa e no lugar certo pode salvar muitas vidas e proteger os meios de subsistência de comunidades em todo o mundo”, enfatizou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Esses sistemas servem para prevenir de tudo, desde ciclones e furacões a inundações, secas, ondas de calor, incêndios florestais, tempestades de areia e poeira, pragas de gafanhotos do deserto, invernos rigorosos ou inundações repentinas de lagos glaciais.

O estudo lembra que, na última metade do século, os desastres naturais associados ao clima causaram mais de dois milhões de mortos, 70% deles em países menos desenvolvidos, e causaram perdas económicas.

Embora o número médio de mortes causadas por catástrofes tenha caído um terço naquele período, o número de desastres registados aumentou cinco vezes e as perdas económicas multiplicaram-se por sete, alerta o relatório.

Petteri Taalas destacou que, embora este ano tenha sido marcado por uma crise sanitária, a da pandemia de covid-19, “é fundamental lembrar que as mudanças climáticas continuarão a representar uma ameaça constante e crescente à vida humana, aos ecossistemas, às economias e sociedades nos próximos séculos”.

“A recuperação da pandemia covid-19 é uma oportunidade de seguir um caminho mais sustentável em direcção à resiliência e adaptação face às mudanças climáticas causadas pelo homem”, disse o meteorologista finlandês.

O relatório destaca como ponto positivo o financiamento de medidas para mitigar os efeitos das alterações climáticas, que está a atingir “níveis sem precedentes”.

Porém, alertam a OMM e outras agências, as medidas adoptadas até ao momento são insuficientes para fazer frente a um aquecimento global médio de 1,5 graus neste século, sublinhando que seria necessário investir cerca de 180 milhões de dólares anuais entre 2020 e 2030.