FMI revê em baixa projecções para a economia portuguesa em 2020

Fundo revela maior pessimismo que o Governo em relação à dimensão da queda da economia este ano. Mas o ritmo esperado da retoma também é mais elevado

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Gonzalo Fuentes/Reuters

O Fundo Monetário reviu em baixa as suas projecções de crescimento económico em Portugal durante este ano, antecipando agora uma queda do PIB de 10%. Em compensação, a recuperação esperada para 2021 é agora mais rápida.

Nas projecções de Outono divulgadas esta terça-feira, a instituição liderada por Kristalina Georgieva mostrou estar neste momento mais pessimista do que estava no início da crise relativamente à dimensão da quebra da economia portuguesa no decorrer deste ano.

Se, em Abril, quando as medidas de confinamento estavam ainda na sua fase inicial, o Fundo dizia esperar uma contracção do PIB em Portugal de 8%, agora, passados cinco meses e conhecidos os valores oficiais da primeira metade do ano, a estimativa de queda passou a ser de 10%.

Com esta revisão, Portugal continua a ser colocado pelo FMI no grupo de países europeus que maior impacto económico estão este ano a sofrer com a pandemia. Para o total da zona euro, o FMI estima uma contracção do PIB de 8,3%.

Em Abril, a projecção para a zona euro era de uma queda da economia de 7,5%, que foi depois revista em Junho (altura em que o FMI não apresentou novas previsões para Portugal) para 10,2%.

As expectativas do FMI para a evolução da economia portuguesa não tiveram contudo apenas alterações no sentido negativo. Para 2021, no rescaldo da queda abrupta da actividade no ano anterior, o FMI prevê que a economia portuguesa possa recuperar de forma mais rápida, com um crescimento de 6,5%, um valor que é mais alto do que os 5% projectados em Abril e que supera também o crescimento de 5,2% que é agora esperado para a zona euro.

Comparando o valor do PIB de 2021 com o de 2019, enquanto o Governo, na proposta de OE, está a apontar para que o PIB seja no próximo ano 3,6% mais baixo que o de 2019, o FMI projecta uma diferença um pouco maior de 4,2%.

Nas suas previsões para a economia mundial, para a qual antecipa uma contracção de 4,4% em 2020 e um crescimento de 5,2% em 2021, o FMI destaca a perspectiva de uma retoma “longa e difícil”, em que “a ascensão demorada da economia global aos níveis de actividade pré-pandemia continua a estar susceptível a contrariedades”.

Em relação a Portugal, o FMI avança ainda com uma previsão de subida da taxa de desemprego de 6,5% para 8,1% em 2020, com uma descida moderada em 2021 para 7,7%. Já a balança de Portugal com o exterior, que em 2019 estava equilibrada, deverá segundo o Fundo cair em 2020 e 2021 para valores negativos, de 3,1% e 3,5%, respectivamente.

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