Guerreiro vence, Almeida lidera: houve “aula de português” na Volta a Itália
Este é o dia que coloca os ciclistas portugueses num patamar diferente: Guerreiro torna-se uma certeza no pelotão, com o maior triunfo da carreira, e Almeida já não é o “miúdo” que recebeu a camisola rosa quase por acaso.
João Almeida lidera as classificações geral e da juventude. Rúben Guerreiro vence a etapa e é líder da montanha. Este domingo foi um autêntico “Dia de Portugal” na Volta a Itália, com os dois portugueses a arrebatarem, para já, três das quatro camisolas do Giro.
A etapa foi conquistada por Rúben Guerreiro (Education First), que esteve na fuga do dia e colocou Portugal a vencer uma etapa na Volta a Itália 31 anos depois de Acácio da Silva. “Finalmente, que satisfação, depois de tantos segundos lugares. A equipa e eu merecemos esta vitória. Foi muito difícil conseguir uma fuga esta manhã e é uma vitória extraordinária”, referiu o ciclista que vestirá a camisola azul na próxima etapa, fruto do sprint que pode ver no vídeo em baixo.
The challenge between @Rguerreiro94 and @jcastroviejo has been settled down in the last climb at Roccaraso. This is the Last Km! #Giro pic.twitter.com/MAi1R37aJO
— Giro d'Italia (@giroditalia) October 11, 2020
Mais atrás, no pelotão, “a montanha pariu um rato”, havendo uma inércia generalizada entre os favoritos ao triunfo no Giro, e João Almeida (que lidera por 30 segundos), apesar de ter mostrado dificuldades nos últimos metros, resistiu a um dia que prometia ser um teste à camisola rosa.
E este é o dia que coloca os portugueses num patamar diferente: a partir deste domingo, Guerreiro torna-se uma certeza no pelotão internacional, com o maior triunfo da carreira, e Almeida já não é o “miúdo” que recebeu a camisola rosa quase por acaso, mas sim o corredor que defendeu essa camisola numa etapa de muita montanha, cara a cara com os grandes nomes do pelotão.
Mais: neste momento, os restantes adversários verão Almeida com outros olhos, até porque é crível que o português consiga manter a liderança durante a próxima semana, tendo até um contra-relógio (a sua especialidade) no dia 17, para aumentar a vantagem.
Guerreiro na fuga do dia
Na etapa deste domingo, sempre sob muita chuva e algum frio, o cenário começou por ser relativamente tranquilo. Com os primeiros quilómetros em terreno plano, as tentativas de fuga começaram por ser neutralizadas com alguma facilidade. A equipa de João Almeida esteve sempre muito atenta aos nomes que tentavam escapar, analisando bem o perigo que cada um poderia trazer à camisola rosa do português.
???? @Rguerreiro94 wins in Roccaraso!
— Giro d'Italia (@giroditalia) October 11, 2020
???? @Rguerreiro94 vince a Roccaraso!#Giro pic.twitter.com/fiYkwHxdZm
Acabou por formar-se uma fuga de sete ciclistas, entre os quais Rúben Guerreiro, acompanhado por Sepúlveda, O’Connor, Warbasse, Visconti, Frankiny e Castroviejo. Este último era o nome mais perigoso para a liderança, estando a 6m49s de João Almeida na classificação geral.
E foi sempre por aqui que trabalhou a Quick-Step, nunca permitindo que a fuga abrisse mais de sete minutos de vantagem para o pelotão. A diferença começou a cair quando o pelotão assim entendeu, reduzindo para a casa dos quatro minutos antes das últimas subidas do dia.
O grupo de fugitivos acabou por ficar reduzido a cinco ciclistas e o português Rúben Guerreiro, depois dos pontos somados durante a etapa, poderia subir à liderança da classificação da montanha em caso de triunfo na meta.
E foi de olho nesse objectivo que o português acompanhou Castroviejo num ataque entre os fugitivos. Depois de passar pouco pela frente – o português mostrou algum cinismo a lidar com Castroviejo –, Guerreiro usou a melhor ponta final para superar o espanhol e erguer os braços na meta. Foi um triunfo “à Rui Costa”, pela forma como o português leu a corrida e se preservou de trabalhar na frente, sabendo que venceria num duelo ao sprint.
Mais atrás, João Almeida cedeu nos últimos metros da etapa e mostrou alguma fragilidade, mas manteve a liderança por 30 segundos, beneficiando da inércia que houve no grupo – ataques feitos mais cedo na etapa poderiam ter deixado o português em dificuldades.
Na segunda-feira, os ciclistas gozam o primeiro dia de descanso no Giro.