João Paulino quer devolver o que falta das armas que levou de Tancos
Intenção do arguido é trocar colaboração com a justiça por uma possível redução de pena. Julgamento começa a 2 de Novembro.
O homem que liderou o assalto aos paióis de armamento militar de Tancos, João Paulino, quer devolver o material que falta, noticiou o Expresso e confirmou o PÚBLICO.
Segundo a edição online do jornal, o ex-dono de um bar de Ansião quer, em troca da restituição do resto do material de guerra, uma possível redução de pena. O arranque do julgamento do antigo fuzileiro e dos seus cúmplices, bem como dos membros da Polícia Judiciária Militar suspeitos de terem alinhado na encenação do reaparecimento das armas na Chamusca, está marcado para 2 de Novembro. “Trata-se à partida de 1.450 munições de 9mm, um disparador de descompressão, duas granadas de gás lacrimogéneo, uma granada ofensiva, duas granadas ofensivas de corte para instrução, 20 cargas lineares de corte CCD20 e 15 cargas lineares de corte CCD30”, detalha o Expresso. Trata-se de uma listagem que consta da acusação do Ministério Público.
As armas desapareceram em Junho de 2017 tendo depois sido levadas, quase cinco meses depois, do terreno de uma avó de João Paulino, onde tinham sido escondidas, para um descampado na Chamusca, onde foram encontradas pela Polícia Judiciária Militar e pela GNR graças a informações nesse sentido por parte do próprio ladrão, que tentou negociar com os militares a entrega do material de guerra em troca da sua impunidade.
Num despacho assinado esta quinta-feira, o magistrado do Tribunal de Santarém que irá dirigir o julgamento autoriza a Unidade Nacional de Contra-Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária a proceder à apreensão do resto do material subtraído aos paióis nacionais de Tancos, admitindo que essa devolução possa ser-lhe favorável no caso de ser condenado: “O tribunal regista a manifestação de vontade de João Paulino [de devolver o material], bem como a sua postura de colaboração com a justiça nesta fase processual - a qual poderá ser ponderada em seu benefício numa eventual futura condenação”.
Prossegue o juiz: “Autoriza-se a UNCT a proceder à apreensão do resto do material que pretende entregar voluntariamente, devendo a Polícia Judiciária articular a entrega com o arguido”. Também arguido num outro processo relacionado com o roubo de pistolas Glock da própria sede da PSP, em Lisboa, João Paulino encontra-se em prisão domiciliária, acusado de de terrorismo, associação criminosa e tráfico de armas. No banco dos réus sentar-se-á também o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, por suspeitas de ter sido informado previamente do plano ilegal dos militares para recuperarem as armas roubadas em troca da impunidade dos ladrões.