Trump completou o tratamento para a covid-19 e deve regressar aos comícios no sábado
Médico do Presidente dos EUA antecipa data do regresso à vida pública e Trump quer participar num comício na Florida. Equipa de campanha pretende que o debate com Biden se realize na data e nos moldes inicialmente previstos.
O Presidente dos Estados Unidos completou o tratamento para a covid-19 e está autorizado a voltar à vida pública e à campanha eleitoral já a partir de sábado, confirmou o seu médico, Sean Conley. Donald Trump planeia, por isso, participar num comício na Florida, nesse dia, e num outro, na Pensilvânia, no domingo. E também quer debater com Joe Biden no dia 15, depois de ter rejeitado um modelo por videoconferência.
“Sábado será o décimo dia desde o diagnóstico de quinta-feira e, tendo em conta a trajectória dos diagnósticos progressivos que a equipa tem vindo a fazer, antecipo totalmente o regresso seguro do Presidente à vida pública nessa altura”, informou Conley, numa nota sobre o estado de saúde de Trump publicada na quinta-feira à noite.
Numa entrevista à Fox News, também na quinta-feira, o próprio Donald Trump revelou que ainda vai ser testado esta sexta-feira, mas antecipou os planos para os próximos dias.
“Vou tentar fazer um comício no sábado à noite, se for possível, se tivermos tempo suficiente para o organizar. Queremos fazer um comício na Florida. Depois devo voltar e fazer outro, na Pensilvânia, na noite seguinte”, disse o Presidente.
A data de regresso do chefe de Estado à campanha para as presidenciais norte-americanas acaba, desta forma, por ser antecipada por uns dias, já que Sean Conley tinha vindo a sugerir que só na segunda-feira é que Trump estaria em condições de voltar ao activo.
Segundo as recomendações do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, qualquer pessoa que teste positivo para o vírus SARS-CoV-2 deve isolar-se por um período mínimo de dez dias depois do exame ou depois do surgimento dos primeiros sintomas. Para os casos mais graves, é recomendado um isolamento de 20 dias.
Sobre o caso concreto do Presidente dos EUA sabe-se muito pouco e as informações que têm surgido sobre os sintomas que apresentou ou os tratamentos que recebeu têm sido contraditórias ou insuficientes – o último desenvolvimento, avançado pelo New York Times, dá conta de que Trump tomou um cocktail de anticorpos experimental, desenvolvido através de células que derivam de tecido fetal.
O que se sabe é que, três dias depois de ter dado entrada no Hospital Militar Walter Reed, após ter sido infectado e ter necessitado de ajuda médica para regular os níveis de oxigénio, Trump voltou à Casa Branca na segunda-feira, e foi protagonista de uma série de momentos de campanha – como quando tirou a máscara e posou para a fotografia –, como que a mostrar aos seus apoiantes que tinha vencido a batalha contra o vírus.
Debates geram confusão
A aparente recuperação do Presidente norte-americano fez com que a sua equipa de campanha tivesse voltado atrás na decisão de Trump não participar no segundo debate com o candidato democrata, Joe Biden, inicialmente previsto para dia 15.
Face à infecção de Trump, a Comissão de Debates Presidenciais começou por propor um debate por videoconferência, para a mesma data, “para proteger a saúde e a segurança de todos os envolvidos”, hipótese que foi prontamente rejeitada pelo Presidente, que disse que “não iria perder o seu tempo” para estar “sentado à frente de um computador”.
A equipa de Biden agendou, então, um novo evento para o dia 15, onde o candidato do Partido Democrata responderá a perguntas dos eleitores, na ABC News. E ficou acordado que o debate cancelado realizar-se-ia no dia 22, em Miami.
Os republicanos queriam um terceiro debate, no dia 29 de Outubro, a cinco dias da eleição de 3 de Novembro, mas os democratas rejeitaram essa hipótese.
Agora, a equipa de Trump quer regressar à calendarização inicial. “Já não existe uma razão médica para a Comissão de Debates Presidenciais mudar o debate para um modelo virtual, adiá-lo ou alterá-lo de qualquer forma”, justificou, num comunicado divulgado pouco depois da nota de Sean Conley.
Segundo o Washington Post, Kate Bedingfield, vice-directora da campanha de Biden, disse, no entanto, que o ex-vice-presidente de Barack Obama já está comprometido com a ABC News, e afastou a possibilidade de voltar ao plano original.