Ateca e Tarraco, duas faces da mesma moeda Seat

Construtor tenta agarrar o mercado renovando ligeiramente a sua gama SUV, que vale metade das vendas. Acaba o motor diesel 1.6 e arrancam novos níveis de equipamento.

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Paulo Maria/Seat Portugal

Com os constrangimentos e as dúvidas de uma pandemia, mas de olhos postos no momento em que tudo isto passar, a Seat está a lançar a renovação do Ateca e do Tarraco, os SUV que representam quase metade das vendas da marca – um segmento que se prevê que possa vir a contar 80% do mercado. Os primeiros meses foram complicados para o mercado automóvel, que caiu 42% entre Janeiro e o final de Agosto, e a Seat também recuou 40%, mas o negócio da rede conseguiu aguentar-se com o pós-venda, que se mantém ao nível de 2019, apontou o director-geral da marca em Portugal, David Gendry, na apresentação do facelift dos dois SUV.

A renovação insere-se numa estratégia de reposicionamento da Seat como uma marca mais jovem, para um público moderno, digital e urbano – e isso nota-se no domínio do infotainment e na forma de “controlar” o carro com a tecnologia de bolso. Depois de tornar a gama Cupra independente, dando-lhe o estatuto de marca (com um cunho irreverente de velocidade, potência e robustez), o construtor vai também lançar a submarca Seat Mo para a mobilidade eléctrica urbana e prevê colocar nas cidades scooters eléctricas no próximo ano. 2021 será mesmo marcado pela aposta no segmento eléctrico também nos automóveis, prevendo-se que todos os modelos – Leon, Ateca e Tarraco  tenham versões eléctricas.

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O Ateca, desenhado em Barcelona e produzido em Kvasiny, na República Checa, marcou a estreia da Seat nos SUV compactos há quatro anos Paulo Maria/Seat Portugal

Hola, Ateca!

O Ateca, desenhado em Barcelona e produzido em Kvasiny, na República Checa, marcou a estreia da Seat nos SUV compactos há quatro anos e desde então o construtor colocou na estrada 300 mil veículos deste modelo. Agora a intenção é colocá-lo também no bolso: a tecnologia introduzida torna-se quase um prolongamento da vida digital do seu utilizador tendo em conta o nível de interacção e de conectividade, através de funções disponíveis, serviços online, ligação ao smartphone, e de reconhecimento de voz que nos permite mandar (literalmente) no veículo. E também de segurança, como os assistentes de emergência e de pré-colisão. Há até um “Hola!” de cumprimento inicial que nos recebe. Embora, admita-se, todo esse equipamento seja opcional, nomeadamente o sistema de navegação, o cockpit digital de 10,25 polegadas, a connectivity box.

Os preços arrancam nos 30.029 euros para o motor 1.0 Eco TSIde 115cv a gasolina (com consumo médio entre 6,3 e 7,3l/100 km) e nos 33.447 euros para o 1.5 Eco TSI de 150cv (consumo entre 6,1 e 7,2l/100km). Haverá ainda um 2.0 TSI de 190cv cujo preço não foi divulgado. Na gama diesel, desaparece o 1.6 e agora a escolha fica bem mais limitada: há um 2.0 TDI de 150cv (consumo de 5,3 a 5,9l/100km) cujos preços começam nos 38.907 euros. Quem quiser uma caixa DSG de sete velocidades tem que acrescentar pelo menos mais dois mil euros, tanto no 2.0 como no 1.5. A marca diz que a redução da oferta diesel é uma opção ambiental (ou não fosse este um calcanhar de Aquiles nos últimos anos) – os TDI receberam o novo sistema SCR de injecção paralela com dupla injecção de AdBlue para reduzir significativamente as emissões de óxido de nitrogénio (NOx) em comparação com a anterior geração diesel.

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A versão que testámos, o 2.0 TDI de 150cv Xperience mostrou-se muito ágil, confortável e estável em estrada, o que se deve também ao controlo adaptativo de chassis (opção por 700 euros) com direcção directa e tecnologia de tracção integral 4Drive. O habitáculo é cuidado, com materiais sólidos, bons acabamentos e um ar distinto.

Fora de estrada como num tapete

Se o nível de equipamento FR se traduz no exterior num visual mais desportivo, com faróis específicos, assim como frisos, ponteira de escape e lettering, o novo nível Xperience é o pacote de traços mais imponentes e robustos de todo-o-terreno, com pára-choques, “saias” e guarda-lamas negros, e molduras dos vidros com acabamento em alumínio.

Ora esse é o (todo-o-)terreno por excelência do Tarraco, o grande SUV da marca produzido em Wolfsburg que é alvo agora também de alguns ajustes no design (mas que o mantêm como o irmão maior do Ateca), equipamento e gama de motores. Quem olha para o Tarraco como mais um brinquedo para subir passeios ou estacionar em locais difíceis não vê o potencial que ali está. Sob um design de papa-quilómetros na estrada, o Tarraco é um bom brinquedo para levar para uma encosta íngreme, no meio de árvores, mato e pedras típicas das encostas do Guincho, no sopé da serra de Sintra, onde a Seat apresentou os dois modelos.

Perante uma descida difícil, de terra e pedra solta, o que há a fazer é ligar o modo de todo-o-terreno, tirar os pés dos pedais (é mesmo proibido tocar-lhes) e confiar. É impressionante o quanto a tecnologia avançou para se poder fazer isto em segurança e deixar que mais de tonelada e meia de automóvel nos leve até ao fundo da descida como se estivesse a descer umas escadas, agarrado degrau por degrau, transmitindo também uma sensação de solidez.

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O Tarraco tem um manancial de opções de uso da suspensão consoante o piso Paulo Maria/Seat Portugal

Com um manancial de opções de uso da suspensão consoante o piso, o Tarraco recebeu agora uma afinação desportiva da suspensão com controlo adaptativo de chassis, que inclui a tecnologia de tracção integral 4Drive. Com o nível de equipamento FR, o SUV topo de gama ganhou uma imagem mais desportiva e dinâmica tanto no exterior como no interior (volante desportivo e pedais em alumínio), e um novo spoiler desportivo, iluminação a toda a largura e um difusor traseiro exclusivo.

Nas motorizações estão para já disponíveis a gasolina de 1,5 litros TSI de 150cv (de 6,6 a 7,7 litros) com preço de entrada de 38.700 euros, e a diesel 2.0 TDI de 150cv a partir de 41.930 euros. Haverá também uma gasolina 2.0 TS com 190cv e uma diesel 2.0 TDI de 200cv cujos preços não foram indicados (mas esta última deverá arrancar nos 44 mil euros).

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