As sombras e as mulheres

O Garrel “do costume”, dirão; certo, mas, como de costume, um filme soberbo.

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Um rapaz, aprendiz de marceneiro, perdido no seu próprio labirinto afectivo, a deixar um rasto de destruição emocional à medida em que passa pelas vidas das raparigas

O Sal das Lágrimas, continuando o carácter quase “serialista” que a obra de Garrel tomou nos últimos anos, instala-nos cedo em território reconhecível por quem tenha acompanhado os filmes imediatamente precedentes do realizador. Numa Paris filmada num preto e branco “carbonizado” (os operadores vão mudando, neste caso é o grande Renato Berta, mas o contraste mascarrado mantém-se), seguimos então a evolução de uns quantos jovens em idade ainda longe da definição adulta. São estudantes, vivem de pequenos empregos ou empregos nenhuns, as condições socio-económicas precárias das personagens, como habitualmente, estão subjacentes sem precisarem de sublinhados, e dir-se-ia que também é da regra que parte do “sal das lágrimas” dos filmes de Garrel passe igualmente por aí. No centro, um rapaz, aprendiz de marceneiro, um pouco (ou muito perdido) no seu próprio labirinto afectivo, a deixar um rasto de destruição emocional à medida em que passa pelas vidas de umas quantas raparigas — incluindo a destruição emocional dele.

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