Concorrência bloqueia compra do Grupo Fundão pela Transdev

Autoridade da Concorrência diz que negócio podia “eliminar a concorrência” pelas futuras concessões no transporte rodoviário de passageiros no centro do país.

Foto
Grupo Transdev é o segundo maior operador rodoviário em Portugal Adriano Miranda

A Autoridade da Concorrência (AdC) proibiu a compra do Grupo Fundão, ligado ao transporte rodoviário de passageiros, por parte do grupo francês Transdev.

“Face ao cenário de forte implantação do Grupo Transdev e do Grupo Fundão nas regiões correspondentes às Comunidades Intermunicipais da Beira Baixa, das Beiras e Serra da Estrela e da região de Coimbra”, a AdC diz ter concluído que a aquisição “resultaria na eliminação da concorrência pelas futuras concessões ou contratos para a prestação de serviços de transporte público, com claros prejuízos para os consumidores e para as entidades adjudicantes”.

A compra por parte da Transdev, que tem crescido por aquisição em Portugal, seria efectuada através da sua participada Rodoviária da Beira Interior (RBI), tendo a notificação do negócio dado entrada na AdC em Outubro do ano passado. Quatro meses depois, a AdC adiantou que o processo ia ser alvo de uma investigação aprofundada.

Em comunicado emitido esta terça-feira, 6 de Outubro, a AdC explica que um dos factores que mereceram essa análise foi o facto de esta aquisição surgir numa conjuntura de liberalização do mercado de transporte público rodoviário pesado de passageiros.

A AdC concluiu que o grupo Transdev e o Grupo Fundão (formado pela Auto Transportes do Fundão e pela Joaquim Martins da Fonseca) “tenderão, por via das comprovadas vantagens concorrenciais inerentes à sua presença nas actuais áreas geográficas de implantação do Grupo Fundão a limitar a entrada de outros operadores nos futuros procedimentos concursais para a exploração do serviço de transporte público de passageiros por via rodoviária nas referidas regiões”.

O regulador sectorial, a Autoridade da Mobilidade dos Transportes (AMT), depois de consultado pela AdC, também emitiu um parecer onde “mostrou reservas claras à operação de concentração proposta”. Além disso, a AdC diz ainda que recolheu “as opiniões de interessados no mercado, nomeadamente os municípios envolvidos, que, de forma geral, manifestaram preocupação com os resultados da operação”.

Já as empresas que pretendiam avançar com a concentração “não apresentaram quaisquer compromissos que permitissem eliminar as preocupações identificadas” pela AdC.

A Transdev, que já esteve à frente da gestão do Metro do Porto, está também muito presente no Norte de Portugal, além da região Centro, tendo comprado empresas como a Joalto. De acordos com os dados disponibilizados pela empresa no seu site, é o segundo maior operador rodoviário em Portugal, com cerca de 1900 trabalhadores e uma frota superior a 1500 viaturas. Em 2018, facturou 100,4 milhões de euros no país.  

Sugerir correcção