Trump fez visita de carro a apoiantes no exterior do hospital. Médicos dizem que foi uma “insanidade’’
O Presidente dos EUA quis fazer “uma surpresa” a apoiantes que se concentraram à porta do hospital onde está internado desde sexta-feira. Passeio está a ser apelidado de “irresponsabilidade”. Segundo o médico presidencial, existe a possibilidade de Trump sair do hospital a partir desta segunda-feira.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quis fazer “uma pequena surpresa" aos apoiantes que o esperavam do lado de fora do Hospital Walter Reed, onde está internado desde sexta-feira, e fez um pequeno passeio de carro para os cumprimentar.
Num vídeo que divulgou este domingo no Twitter, revelou que ia fazer “uma pequena surpresa a alguns dos grandes patriotas que têm estado na rua”, com bandeiras de homenagem ao Presidente norte-americano e que “amam” o país. “Eles estão lá fora há algum tempo, têm bandeiras Trump e amam o nosso país. Temos entusiasmo provavelmente como ninguém alguma vez teve. Há pessoas que amam o trabalho que estamos a fazer”, afirmou.
Este momento foi filmado por diversos apoiantes e divulgado nas redes sociais na tarde deste domingo e as críticas não tardaram a chegar. Apesar de Trump ter usado máscara e outros equipamentos de protecção individual durante o curto passeio de carro, pelo menos dois agentes dos Serviços Secretos tiveram de o acompanhar no veículo, o que vai obrigar a que façam agora uma quarentena de 14 dias. James Phillips, médico no Hospital Walter Reed, onde Trump está internado, criticou as acções do Presidente através do Twitter, apelidando o passeio de uma “insanidade”.
“Cada pessoa que estava no veículo durante aquele “passeio” presidencial completamente desnecessário tem agora que ser colocada em quarentena durante 14 dias. Podem ficar doentes. Podem morrer. Para teatro político. [Algo] ordenado por Trump para colocar vidas em risco por causa de um teatro. Isto é uma insanidade”, escreveu o médico que, num segundo tweet, disse que a irresponsabilidade era “surpreendente”.
Jonathan Reiner, professor de medicina na escola de medicina e serviços de saúde da Universidade de George Washington, em Washington D.C., escreveu, também através do Twitter, que Trump colocou os agentes dos Serviços Secretos em risco ao dar um “alegre passeio” fora do hospital. “No hospital, quando estamos em contacto próximo com um paciente covid-19, vestimos o EPI [equipamento de protecção individual completo]: bata, luvas, máscara N95, protecção para os olhos, chapéu. Isto é o cúmulo da irresponsabilidade”, refere o professor.
"Aprendi muito sobre a covid-19"
No mesmo vídeo, Trump refere que está a receber “óptimos relatórios dos médicos”. “Este é um hospital incrível, o Walter Reed. O trabalho que fazem é absolutamente incrível e eu quero agradecer a todos — os enfermeiros, médicos e toda a gente aqui”, afirma Donald Trump, referindo que conheceu também alguns militares.
O Presidente destacou ainda que “tem sido uma viagem muito interessante”. “Aprendi muito sobre a covid-19. Aprendi ao ir mesmo à escola, esta é a verdadeira escola, não é a escola dos livros. É uma coisa muito interessante e vou contar-vos tudo mais tarde”, concluiu.
Na sexta-feira, Trump, de 74 anos, anunciou na sua página pessoal da rede social Twitter que, tal como a primeira-dama, Melania, estava infectado com o coronavírus e que iria ficar em quarentena. Horas depois, foi internado por precaução no Hospital Militar Walter Reed.
Numa declaração distribuída sábado à noite, o médico presidencial, Sean Conley, reiterou que Trump “continua bem” e “fez progressos substanciais desde o seu diagnóstico”. O Presidente norte-americano não teve febre no sábado e não necessitou de oxigénio suplementar.
“Embora ele não esteja fora de perigo, a equipa [médica] está cautelosamente optimista”, disse, acrescentando que hoje o Presidente continuará a ser observado e receberá uma nova dose do medicamento antiviral Remdesivir, ao qual respondeu sem complicações.
Trump “passou a maior parte da tarde a trabalhar e deslocou-se sem dificuldade pela suíte presidencial”, disse o médico.
Segundo o The New York Times, os níveis de oxigénio no sangue do Trump desceram na sexta-feira e foi-lhe dado oxigénio antes de ser transferido para o hospital. De acordo com o Chefe de Gabinete da Casa Branca Mark Meadows, as próximas 48 horas serão “críticas” para determinar se Trump enfrenta ou não um caso agressivo da covid-19.
Ao fim da tarde deste domingo, Sean Conley, disse que o Presidente dos Estados Unidos tem a possibilidade de sair do hospital a partir de segunda-feira, à medida que recupera da covid-19. Numa conferência de imprensa à porta do Hospital Militar Walter Reed, nos arredores de Washington, Sean Conley, citado pela Associated Press (AP) disse que o estado de saúde do Presidente “continuou a melhorar”.
O médico disse também que Donald Trump foi tratado com um esteróide, depois de duas descidas dos seus níveis de oxigénio, no sábado.