Covid-19: em Barcelona, Albert Adrià fecha todos os seus restaurantes

Um novo exemplo da crise na restauração chega da Catalunha: o chef Albert Adrià, irmão de Ferrán Adrià e com cinco restaurantes de topo, incluindo quatro com estrela Michelin, diz que estes só reabrirão quando a situação melhorar.

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Albert Adrià em Lisboa Miguel Manso
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O célebre Tickets é um dos espaços encerrados DR

O mui célebre Tickets, o Pakta, o Enigma, o Hoja Santa. Barcelona tem agora, pelo menos “temporariamente”, menos quatro restaurantes com estrela Michelin. Fazem parte do grupo elBarri, do cozinheiro e empresário Albert Adrià, irmão do “reformado” Ferrán Adrià, o senhor do “melhor restaurante do mundo” durante muitos anos, o elBulli, em Roses, Girona – actualmente uma fundação gastronómica.

Além dos quatro restaurantes Michelin, Albert fechou também o Bodega 1900 (havia um sexto restaurante, Niño Viejo, mas já tinha sido “absorvido” pelo Hoja Santa no final de 2019). Uma decisão que não surpreenderá, tendo em conta não só a pandemia e seus efeitos também na economia, como também a personalidade do cozinheiro-empresário; afinal, este é o homem que nos dizia há uns anos que “o restaurante mais bonito é o que está cheio”. 

Ao Metrópoli Abierta, portal de notícias de Barcelona, o chef confirmou o encerramento adiantado que “irão abrindo progressivamente” conforme a situação da pandemia. Os sites dos restaurantes passaram a apresentar a informação de encerramento, sem permitirem reservas. A Fugas tentou contactar o grupo, mas apenas temos direito a uma resposta automática, que, porém, resume e confirma a situação: “Todos os restaurantes de elBarri permanecerão fechados até novo aviso. Lamentamos o incómodo”.

A questão passará pelos danos provocados pela crise da covid-19 na saúde financeira do império Adrià: a ausência de turistas na capital catalã fez mossa no grupo, adianta o portal, citando fontes próximas do grupo.

Como acontece por todo o mundo e também em Portugal, a crise na restauração está a provocar grandes dores de cabeça na Catalunha. O director do Grémio da Restauração, Roger Pallarols, diz ao Metrópoli que a cidade se ressente da queda do consumo interno e da falta de visitantes, com os restaurantes mais caros na linha da frente das perdas. “Está em jogo a liderança gastronómica de Barcelona, tanto a nível nacional, como internacional”, diz Pallarols, que considera possível que a restauração demore uma década a recuperar-se da catástrofe.

Segundo adianta a Time Out Barcelona, em redor de 30% dos restaurantes de alta gastronomia de Barcelona fecharam, espera-se, temporariamente. De 22 restaurantes com estrela Michelin, seis estão fechados, graças à grande contribuição de Adrià. Além do grupo elBarri, o Moments de Carme Ruscalleda y Raül Balam (duas estrelas Michelin) e Enoteca (duas estrelas), de Paco Pérez (que colaborou com Adrià na abertura do Hoja Santa).​ 

O encerramento, até definitivo, de restaurantes de topo parece estar a tornar-se uma tendência real. A propósito do “fechados até mais ver” do grupo elBarri, o jornalista de gastronomia Miguel Pires assinala no seu site Mesa Marcada alguns exemplos, como o dos restaurantes Somni (Los Angeles, grupo José Andrés​), chefiado pelo catalão Aitor Zabala (por sinal discípulo de Ferrán Adrià), ou 108 (Copenhaga, do grupo de Rene Redzepi), de Kristian Baumann.

Em Portugal, os grupos também tem sido obrigados a fazer opções, caso de José Avillez, com duas dezenas de casas: quando reabriu em Junho, embora mantendo o duas estrelas Michelin Belcanto, decidiu pôr fim a seis projectos.

Em Agosto, um inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) indicava que “no sector da restauração e bebidas, 43% das empresas ponderam avançar para insolvência”.

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