América
Trump vs. Biden. Assim foi a preparação para o primeiro debate presidencial americano
Esta madrugada, Trump e Biden vão finalmente estar no mesmo palco, depois de meses de campanha. O primeiro debate entre os dois candidatos presidenciais americanos irá focar-se nos impostos pagos (ou não) por Donald Trump, na pandemia e nos protestos pela igualdade racial nos Estados Unidos.
As circunstâncias para o primeiro debate presidencial entre Donald Trump e Joseph R. Biden Jr. não podiam ser mais diferentes do habitual. Não haverá pompa e circunstância. Não haverá cumprimentos. No meio de uma pandemia e de um clima tóxico, cimentado por ataques constantes entre os dois candidatos e num país mais polarizado do que nunca, Presidente e candidato vão estar em Cleveland juntos pela primeira vez em palco durante toda esta campanha presidencial para um debate, que já dura há mais de um ano.
O debate vai arrancar às 2h da manhã, hora portuguesa, e será moderado por Chris Wallace, pivô da Fox News. O jornalista, apesar de vir de uma cadeia de televisão conhecida por se colocar do lado do Presidente, é um dos que deixa Trump mais desconfortável nas entrevistas que deu ao longo dos anos - algo que fez com que Wallace recebesse a sua quota parte de ataques por parte do líder americano.
Mas Wallace é também conhecido por não fazer fact-checking: o próprio garante que quer ser o mais invisível possível. E espera-se um debate aceso. Joe Biden não costuma sair-se bem em debates (a sua própria candidata a vice-presidente, Kamala Harris, foi a protagonista num dos piores debates do democrata), comete gaffes, e é quase certo que Trump vai atacar o antigo vice-presidente de Barack Obama pelos negócios do seu filho, Hunter, na Ucrânia.
E a verdade é que Biden poderá ter mais a perder, estando à frente do Presidente nas sondagens. A campanha de Trump tem-se focado muito nas competências mentais de Joe Biden, aproveitando cada soluço e pausa do democrata para partilhar mais um vídeo nas redes sociais. Já Trump será Trump: o debate é um espectáculo televisivo com milhões de pessoas e é uma oportunidade para o líder americano aproveitar os holofotes e atacar os democratas, tentando relançar as suas hipóteses para o dia 3 de Novembro.
No fundo, o debate poderá não importar muito para os eleitores americanos. Segundo uma sondagem da Universidade de Monmouth, apenas 3% dos eleitores diz que o encontro entre Trump e Biden poderá ajudar a definir o seu voto. E mesmo que Trump perca - tal como aparentemente perdeu os dois debates com Hillary Clinton - nada indica que isso o possa prejudicar quando os votos forem contados (tal como aconteceu em 2016).
Ainda assim, espera-se uma audiência de 100 milhões de pessoas. O debate vai ser emitido em sete canais televisivos, além de vários meios de comunicação via streaming, e irá decorrer durante 90 minutos, sem anúncios.
Não vai haver declarações iniciais. Chris Wallace vai colocar em cima da mesa seis tópicos e cada um será discutido durante 15 minutos. Não estarão mais de 80 pessoas na Case Western Reserve University a assistir ao encontro, e o palco terá um cenário mais clássico. Os dois candidatos não vão cumprimentar-se nem ao moderador, prometendo ainda assegurar o distanciamento social. E também não vão usar máscara.
Os tópicos foram escolhidos por Wallace. Será discutida a crise da covid-19 (que matou mais de 200 mil pessoas nos Estados Unidos), a economia, o Supremo Tribunal - para o qual Trump recentemente nomeou uma juíza, - a violência racial nas cidades americanas, como Kenosha, as declarações de impostos dos dois candidatos e a integridade e validade das eleições.