João Ferreira critica a “intromissão” de embaixador dos EUA e assinala silêncio de Marcelo
O candidato comunista à Presidência da República condenou as “ameaças” do embaixador norte-americano em Portugal, caso o país avance para um contrato com a empresa chinesa Huawei.
João Ferreira, eurodeputado e candidato apoiado pelo PCP à Presidência da República, considera que as declarações embaixador norte-americano em Portugal, George Glass, são um “inaceitável exercício de intromissão na vida nacional”. Em causa está a entrevista do embaixador ao semanário Expresso, na qual George Glass avisou que Portugal teria de escolher entre os “amigos e aliados” EUA e o “parceiro económico” China, alertando que escolher a China em questões como o 5G pode ter consequências em matéria de Defesa.
Depois de o Governo ter respondido ao embaixador, lembrando que quem toma as decisões sobre Portugal são as autoridades portuguesas, este domingo é o candidato a Belém que rejeita “veemente” as declarações do embaixador norte-americano. Para João Ferreira, os “avisos” dados pelo embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) visam “condicionar as opções de Portugal quanto ao seu desenvolvimento e política externa”.
“Não se pode aceitar que um embaixador, ou outra qualquer entidade externa, procure utilizar a ameaça – incluindo de sanções – para impor decisões que nada têm a ver com os interesses do povo português e do país”, vinca o candidato do PCP. João Ferreira sublinha que “Portugal é um país soberano” e, como tal, deve rejeitar a interferência “nos assuntos internos dos Estados e da cooperação com todos os povos do mundo”.
E porque é candidato, João Ferreira destaca que cabe também ao Presidente da República ser “o garante dessa posição”. Sem dizer o nome do actual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, o candidato às eleições presidenciais defende que o Palácio de Belém devia assumir um claro papel de soberania e de “não-aceitação da ingerência” em “todos os momentos e perante quaisquer entidades externas”.
Santos Silva afasta pressões
Ainda durante este sábado, poucas horas depois de a entrevista ter sido publicada, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, respondeu ao embaixador dos EUA. “Em Portugal, quem toma as decisões são as autoridades portuguesas, que tomam as decisões que interessam a Portugal, no quadro da Constituição e da lei portuguesa e das competências que a lei atribui às diferentes às diferentes autoridades relevantes”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Apesar da troca de recados, Augusto Santos Silva sublinha a “profunda amizade que liga os dois países” e a forma como os EUA e Portugal têm “desenvolvido ao longo dos anos relações muito frutuosas”, seja no plano bilateral seja em organizações multilaterais.