Com nove abstenções e zero votos contra, Comissão Política do PSD declara apoio a Marcelo
Quatro candidaturas já anunciadas tornaram “ainda mais importante para os eleitores do PSD uma decisão rápida e clara do partido”. Rui Rio diz que Marcelo é o “candidato de que o país precisa neste momento” e o único que garante estabilidade.
O Conselho Nacional do PSD aprovou esta sexta-feira a moção de apoio à candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa proposta pela direcção do partido com 87% de votos a favor.
De acordo com fonte oficial do PSD, registaram-se 61 votos a favor, nove abstenções e zero votos contra, numa votação realizada por braço no ar.
“O Conselho Nacional do PSD decide, desde já, sob proposta da Comissão Política Nacional, declarar o seu apoio à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República, desejando que essa seja também a sua vontade e respeitando o momento político que entenda escolher para anunciar a sua decisão ao país”, refere o texto aprovado hoje à tarde na reunião da direcção alargada e esta madrugada no Conselho Nacional, que ainda decorre em Olhão, no Algarve.
De acordo com os estatutos do PSD, compete ao Conselho Nacional “aprovar as propostas referentes ao apoio a uma candidatura a Presidente da República, à designação do candidato a primeiro-ministro e às listas de candidatura à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, apresentadas pela Comissão Política Nacional”.
Há cinco anos, a fórmula utilizada pelo PSD (tal como pelo CDS-PP) para apoiar a primeira candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa foi através de uma “recomendação de voto” no antigo presidente social-democrata.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem remetido o anúncio da decisão sobre a sua eventual recandidatura para Novembro, sempre depois de convocar as eleições, que se deverão realizar em Janeiro do próximo ano.
Logo no início da sua intervenção perante o Conselho Nacional, Rui Rio disse que faria “um anúncio relevante”, mas aguardou para o fim o tema das presidenciais e a declaração de apoio a Marcelo, que foi recebida com aplausos da sala. De acordo com relatos da sua intervenção, à porta fechada, o líder social-democrata classificou Marcelo Rebelo de Sousa como “o candidato de que o país precisa neste momento” e o único que garante estabilidade.
Na moção distribuída aos conselheiros e à comunicação social, considera-se “normal” que ao longo do primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa o PSD “nem sempre tenha estado concordante com todas as posições políticas por ele assumidas”. “Mas estamos conscientes que o exercício do mais alto cargo da nação implica uma acção política transversal e desligada de fidelidades partidárias”, refere o texto.
O documento diz ser “compreensível e desejável” que o actual Presidente protele o anúncio de recandidatura, “evitando, assim, condicionar cedo demais o exercício das suas funções”.
No entanto, a moção aprovada pela direcção do PSD considera que as anunciadas candidaturas nas últimas semanas de Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira, a somar a já anterior de André Ventura, “tornam a partir deste momento ainda mais importante para os eleitores do PSD uma decisão rápida e clara do partido”.
“Marcelo Rebelo de Sousa é, desde a primeira hora, militante do PSD. Foi seu dirigente e presidente e deixou uma marca distintiva na sua cultura política e na sua história”, destaca-se.
A moção lembra ainda que as presidenciais decorrerão num contexto de “dupla crise, sanitária e económica”. “O ambiente de incerteza e de contingência que se vive na sociedade portuguesa, agravado por uma solução governativa instável e com elevados riscos de radicalização, conferem à próxima eleição um papel decisivo no equilíbrio e normal funcionamento das instituições que sustentam o sistema político”, refere o documento.
Coligações, eutanásia e “imbecis”
O Conselho Nacional do PSD aprovou também uma proposta para mandatar a Comissão Política Nacional para celebrar “acordos quadros nacionais de coligação” e ratificar coligações locais para as autárquicas, se a pandemia de covid-19 impedir nova reunião presencial até final do ano, o que o presidente do órgão do PSD, Paulo Mota Pinto, classificou como de “decisão prudente”.
Na reunião de Olhão, Pedro Rodrigues voltou a assumir as críticas à direcção de Rui Rio e reiterou que o partido tem de liderar no parlamento o debate sobre a reforma eleitoral e assumir “de forma inequívoca uma posição firme de apoio ao referendo à eutanásia”.
O deputado e antigo líder da JSD apontou ainda ao partido “dificuldades em construir uma alternativa política” ao PS, e defendeu que todos se devem empenhar no combate autárquico sem “calculismos ou tacticismos políticos”.
Tal como tinha anunciado, o líder da JSD, Alexandre Poço, transmitiu aos conselheiros nacionais o apelo que lançou aos presidentes do PSD, CDS-PP e IL para um acordo de âmbito nacional do centro-direita nas autárquicas e manifestou ao presidente do partido disponibilidade para o ajudar a construir “uma alternativa ao PS”, com lealdade, mas com uma voz própria da ‘jota’.
O tema das CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional) também animou a reunião: no início, Rio criticou o autarca de Famalicão, Paulo Cunha, por ter afirmado que não aceitaria o nome de António Cunha para a estrutura do Norte e depois ter sido “o primeiro a declarar-lhe apoio”.
A fechar a longa reunião – à qual faltaram muitos rostos habituais, até entre os deputados –, o líder da distrital de Lisboa, Ângelo Pereira, pediu a Rio que calasse as “imbecis fontes da direcção” que o criticaram no semanário Expresso sobre o processo da CCDR de Lisboa, com o presidente do PSD a dizer não saber quem são as fontes, mas a concordar com a designação de “imbecis”, provocando risos na sala.
A reunião serviu ainda para o presidente do Conselho Estratégico Nacional, Joaquim Sarmento, apresentar as linhas gerais do programa de recuperação que o partido tornará públicas numa data a definir, mas que Rio garante que estará pronto em 30 de Setembro.