Vacinação contra a gripe arranca segunda-feira. Enfermeiros vão aos lares
Há 335 mil doses disponíveis para a primeira fase de vacinação. Ministra Marta Temido considerou que o país está numa “terceira fase” da pandemia. Norte e Lisboa e Vale do Tejo são as duas regiões em maior pressão.
A primeira fase da vacinação arranca esta segunda-feira, com prioridade para os idosos nos lares, profissionais de saúde e grávidas. O SNS já tem 335 mil doses disponíveis e serão “os enfermeiros dos centros de saúde a deslocarem-se às instituições”, em dia e hora combinada, explicou a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, na conferência de imprensa de balanço da pandemia. O mesmo se aplica aos que estão em internamento domiciliário ou idosos que não conseguem, por incapacidade, ir ao centro de saúde.
No caso das grávidas, “basta agendar com o centro de saúde uma hora de conveniência de ambas as parte para poderem ser vacinadas”. A mesma regra que será aplicada aos restantes beneficiários da vacina da gripe. Nesta segunda fase, que começa a 19 de Outubro, estão abrangidas todas as pessoas com 65 e mais anos e todos aqueles que com mais de seis meses de idade têm doenças crónicas que dão acesso à vacina gratuita.
Já prevendo um “Outono de grande pressão”, está previsto que possa existir diversificação de horários e locais para responder à procura. Graça Freitas revelou ainda que as farmácias de rua vão receber uma parte das vacinas do SNS para vacinarem gratuitamente as pessoas com mais de 65 anos, à semelhança do que aconteceu em Loures no ano passado e no anterior.
Portugal registou esta sexta-feira mais cinco mortes por covid-19 e 899 casos de infecção, dos quais 56% foram na região de Lisboa e Vale do Tejo. Estavam internadas 624 pessoas, das quais 86 em unidades de cuidados intensivos. Existem 287 surtos activos, sendo a maioria no Norte:124. Segue-se Lisboa (93), Centro (31), Algarve (22) e Alentejo (17). A ministra anunciou que existem 76 lares com casos positivos, quer em profissionais, quer em utentes, e 47 destes têm surtos activos.
Questionada quanto à fase da pandemia em que Portugal se encontra, Marta Temido considerou que o país está numa “terceira fase” e fez um balanço das camas afectas e das ocupadas com doentes covid nas regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, “que são aquelas que estão a enfrentar maior pressão em termos de números”.
Do total 5498 camas que a região Norte reportou, “268 estão afectas a enfermaria covid e estavam internados 156 doentes covid”. Há ainda 41 camas de cuidados intensivos afectas a doentes covid, das quais 26 estão ocupadas. Já na região de Lisboa e Vale do Tejo, “do total de 7083 camas, 553 estão afectas a doentes covid, estando ocupadas 346 camas”. “Nas unidades de cuidados intensivos, há 85 camas afectas a doentes covid e estão ocupadas 54 camas.”
Marta Temido lembrou que o SNS tem cerca de 21 mil camas de internamento e que “a capacidade de gestão de internamento é flexível”. “Neste momento não temos suspensa actividade assistencial não covid e aquilo que estamos a referir como camas afectas a covid poderá ser expandido”, reforçou.
Questionada sobre as queixas da Associação Nacional de Cuidados Continuados, relativas à dificuldade de contratar enfermeiros e auxiliares e de estarem subfinanciadas, Marta Temido assumiu que é preciso “criar condições atractivas para os promotores”. “Isso poderá de facto levar a uma revisão de preços, mas essa é uma matéria que tem de ter em conta as condições do país em cada momento e não estou neste momento habilitada a dizer quando poderá acontecer.”
SNS vai pagar menos por testes
A ministra anunciou uma revisão dos preços que o SNS está a pagar por testes à covid às entidades convencionadas de análises clínicas, que passa de 87,95 euros para 65 euros a partir deste sábado. Segundo o ministério, o valor global facturado pelos convencionados ascende a 32,2 milhões de euros até Agosto. Já em relação aos testes rápidos, Raquel Guiomar, especialista em testes laboratoriais do Instituo Ricardo Jorge, explicou, que os testes rápidos estão a ser avaliados.
Sobre casos positivos nas escolas, Graça Freitas, explicou que os dados ainda estão a ser recolhidos. Quanto a diferentes medidas tomadas pelas escolas, explicou que “não se trata de não haver uniformização de critérios, trata-se de situações diferentes em que as medidas preventivas não foram tomadas da mesma maneira”.
Já sobre o direito das grávidas a terem um acompanhante, a directora-geral da Saúde explicou que a orientação que está a ser feita “vai no sentido de permitir o acompanhamento no parto”. No entanto, esta deixa"ao critério das equipas clínicas a última decisão”, caso estas considerem que em determinadas situações poderá não haver segurança para tal. Mas esta deverá ser uma excepção à regra.