PSP admite que pode ter matado rapariga de 23 anos a tiro

Polícias vigiavam suspeitos de furtos em carros em São João da Madeira. Não é certo que tenham sido feitos disparos contra a PSP.

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Francisco Romao Pereira

A PSP admite poder ter matado uma rapariga de 23 anos durante uma perseguição policial. Tudo aconteceu esta madrugada em São João da Madeira, estando os factos a ser investigados pela Polícia Judiciária.

Depois de vários furtos em viaturas numa zona desta cidade durante o último mês, o comando de Aveiro da PSP criou uma equipa para investigar o fenómeno. Era meia-noite quando três dos agentes que estavam de vigilância depararam na Avenida do Vale com aquilo que consideraram ser um veículo suspeito. De luzes desligadas, ia parando junto dos veículos estacionados. “Momentos depois foi audível o ruído correspondente à quebra de um vidro de uma viatura, pelo que os polícias abordaram os ocupantes [do carro suspeito], descreve a PSP em comunicado, acrescentando que durante esta abordagem “os polícias efectuaram disparos com arma de fogo, em circunstâncias que serão apuradas.” Não há indícios de que os ladrões também tenham disparado. Terão, porém, avançado com o carro contra um dos agentes, que nesse momento se encontravam apeados. 

Ainda não foi totalmente assumido pela direcção nacional da PSP se os seus homens feriram mesmo alguém. Certo é que posteriormente deu entrada no Hospital de São João da Madeira uma jovem de 23 anos atingida por um tiro no tronco, “que se supõe estar relacionada com a ocorrência” em causa. Entrou em paragem cardíaca e acabou por morrer na unidade de saúde. Foi ali deixada pelo alegado cúmplice, à entrada das urgências, possivelmente já inconsciente, pouco depois do confronto com a polícia. A vítima mortal morava num bairro social e não era conhecida das autoridades - ao contrário do homem que acompanhava, que cumpria cadeia por roubos e tráfico de estupefacientes mas foi libertado na sequência das medidas de clemência decretadas por causa da pandemia covid-19. 

A Judiciária está agora empenhada em localizar este indivíduo e o respectivo veículo, uma vez que eventuais marcas de balas e a sua localização poderão revelar-se cruciais para descobrir o que se passou. 

O caso foi comunicado também à Inspecção-Geral da Administração Interna. “Ao local deslocaram-se dois inspectores da inspecção da PSP, para procederem a uma análise e avaliação iniciais”, refere a mesma nota de imprensa da polícia, que dá ainda conta da abertura de um inquérito disciplinar. “Independentemente do apuramento dos factos ocorridos, a PSP apela a todos os cidadãos para que cumpram as ordens legais e legítimas dadas pelos seus polícias”, remata o comunicado da polícia. 

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