Um relógio em Nova Iorque avisa que temos sete anos para salvar o planeta
Na Union Square, em Nova Iorque, um relógio faz uma contagem decrescente, relembrando que temos cerca de sete anos para baixar as emissões de carbono e impedir que a temperatura aumente mais de 1,5 graus Celsius. O Climate Clock quer chegar a outras cidades por todo o mundo.
É um relógio que não diz as horas, mas que avisa quanto tempo nos resta até atingirmos o ponto de não retorno. “Há boas notícias. O número não é zero”, disse à Reuters Gan Golan, artista e um dos activistas por detrás da ideia de instalar um relógio em contagem decrescente num edifício envidraçado na Union Square, em Nova Iorque.
Em plena semana do clima, o objectivo é relembrar que estamos numa corrida contra o tempo, tornando visual o tempo que resta ao planeta, se mantivermos os níveis de emissões de carbono actuais: sete anos e 99 dias. Depois disso, a temperatura deverá subir 1,5 graus Celsius em comparação com os níveis pré-industriais — tornando insustentável a vida na Terra. “Podemos vencer este desafio, mas não temos tempo a perder”, referiu Golan.
O Climate Clock, ou Relógio do Clima vai permanecer no edifício durante a semana do clima — uma semana de cimeira internacional organizada pelo Climate Group, que leva a Nova Iorque painéis de discussão, mostras de filmes e performances que alertam para o aquecimento global. Este ano, a pandemia de covid-19 ditou que alguns dos programas fossem online.
“Um desafio monumental precisa de um monumento, e o Relógio do Clima pode servir como um lembrete constante e público da deadline que temos”, referiu Daniel Zarrilli, conselheiro para o clima de Nova Iorque. A ideia é que o relógio possa ser replicado em diversas cidades por todo o mundo, para nos sincronizar e ajudar a “manter os olhos no prémio”.
Liderada por Golan e Andrew Boyd, a campanha foi pensada por activistas e cientistas. O funcionamento do relógio segue a metodologia de outro feito pelo Mercator Research Institute on Global Commons and Climate Change, utilizando dados do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). Além do metrónomo que conta, em números vermelhos, quanto tempo temos até esgotar o nosso “orçamento de carbono”, tem um segundo número, a verde, que contabiliza a energia fornecida por fontes renováveis em todo o mundo. Essa é a nossa lifeline.
“O relógio não nos diz: ‘Em sete anos temos de acordar e começar a fazer alguma coisa’”, explica Boyd. Pelo contrário, diz que a acção tem de ser imediata. “As alterações climáticas já estão aqui.” A ideia é simples: temos de atingir os 100% na lifeline, antes de chegarmos às zero horas da deadline.
Os artistas referiram estar em conversações com Berlim e Génova para instalar relógios semelhantes nas cidades. E esta não foi a primeira vez que criaram um relógio do Clima: em 2019, criaram um relógio de pulso para a activista sueca Greta Thunberg, antes do discurso da jovem para os líderes globais na cimeira das Nações Unidas.
No site da iniciativa, há instruções sobre como fazer um relógio semelhante para instalar na nossa casa, escritório ou, quem sabe, na nossa cidade. O convite é feito na secção Make, em que os interessados em começar uma campanha semelhante podem responder a um formulário e replicar a ideia. Voluntários?