EUA anunciam novas sanções contra o Irão que também visam Nicolás Maduro

Mike Pompeo acusa Presidente da Venezuela de violar embargo de armas a nível internacional com a República Islâmica. Washington promete “fazer uso da sua autoridade” contra países que não actuem contra Teerão.

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Mike Pompeo anunciou as sanções numa conferência de imprensa em Washington Reuters/POOL

Os Estados Unidos implementaram novas sanções contra o Irão e contra o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que Washington acusa de colaborar ilegalmente com Teerão nos últimos dois anos.

As novas sanções anunciadas pela Administração Trump visam o Ministério da Defesa iraniano e 27 pessoas ou entidades relacionadas com o programa nuclear do país. O anúncio das sanções foi acompanhado por uma ordem executiva assinada pelo Presidente Donald Trump que dá poder ao seu executivo para sancionar quem não cumprir as restrições impostas pelos EUA contra Teerão.

“Não importa quem és, se violares o embargo de venda de armas ao Irão das Nações Unidas arriscas sanções”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. “Esta é uma mensagem clara ao regime iraniano e a todos os membros da comunidade internacional que recusam enfrentar o Irão”, avisou. 

As sanções anunciadas por Washington são encaradas como um aviso aos restantes membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que afirmam que a reintrodução unilataral das sanções internacionais contra o Irão pelos EUA não tem qualquer valor jurídico.

De acordo com França, Alemanha e Reino Unido, em convergência com o que defendem a China e a Rússia, uma vez que os EUA abandonaram o Plano Abrangente de Acção Conjunta (JCPOA) com o Irão em 2018, não podem agora querer decidir pelos restantes membros, que mantêm o acordo com Teerão.

O JCPOA foi assinado em 2015, quando Barack Obama ainda era Presidente dos EUA, e as sanções ao Irão foram levantadas na altura com o compromisso da República Islâmica permitir o acesso aos inspectores independentes da Agência Internacional de Energia Atómica ao seu programa de produção de urânio, o que tem acontecido.

Três anos depois, Donald Trump decidiu retirar o seu país do acordo e avançar com as próprias sanções a Teerão. Agora, exige que estas sejam reintroduzidas a nível internacional e que o embargo internacional de venda de armas ao Irão, que expira a 18 de Outubro, seja renovado, e promete retaliar contra os países que não cumpram a decisão unilateral norte-americana.

“Se algum membro da ONU falhar na hora de cumprir com as suas obrigações em relação às sanções, os Estados Unidos estão preparados para fazer uso da sua autoridade”, ameaçou Mike Pompeo.

“Nova agressão”

Além das renovadas sanções contra Teerão, os EUA decidiram visar também a Venezuela, acusando Maduro de ter “participado ou tentado participar em actividades que contribuíram materialmente para o fornecimento, venda ou transferência directa ou indirecta de armas de ou para o Irão”.

“Durante quase dois anos, funcionários corruptos em Teerão trabalharam com o regime ilegítimo da Venezuela para contornar o embargo de venda de armas da ONU”, acusou Pompeo.

Washington considera que Nicolás Maduro não foi o vencedor legítimo das últimas presidenciais venezuelanas, em 2019, e tem aumentado a pressão sobre o regime chavista que, por seu lado, se tem aproximado do Irão, sobretudo na compra e venda de petróleo. O Governo venezuelano disse que as sanções contra Maduro “não têm qualquer fundamento” e são uma “nova agressão” dos EUA contra a Venezuela.

Em Teerão, o anúncio de Mike Pompeo foi desvalorizado, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, a reiterar que as sanções “não são nada de novo”.

“Os Estados Unidos já exerceram toda a a pressão que podiam sobre o Irão. Esperavam que estas sanções pusessem o nosso povo de joelhos, mas não conseguiram”, acrescentou Zarif, citado pela Reutes.

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