Madeira: Alunos do 1.º ciclo vão aprender Ciências de Computação

Projecto experimental abrange cerca de mil alunos de seis escolas da Madeira. Algoritmos, linguagem de programação e inteligência artificial serão alguns dos conteúdos abordados.

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A nova displina proporcionará uma primeira abordagem em áreas como a robótica ou a programação Daniel Rocha (arquivo)

Para já, tem apenas carácter experimental. Perto de mil alunos do 1.º ciclo de seis escolas da Madeira vão frequentar este ano lectivo uma nova disciplina: Ciências da Computação.

A ideia, explica ao PÚBLICO o gabinete do secretário regional da Educação, Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho, passa por desenvolver o pensamento computacional dos alunos, através de uma melhor compreensão e entendimento das múltiplas funções que a tecnologia permite concretizar.

“Em rigor, não se trata de uma nova disciplina, mas sim de uma componente das Actividades de Enriquecimento Curricular [AEC]”, precisa a Secretaria de Educação que, com esta oferta educativa, pretende proporcionar uma primeira abordagem, de forma prática e acessível, em áreas como os algoritmos, a robótica ou a programação.

“O domínio dos conceitos das Ciências da Computação permitirá aos alunos dar um contributo na resolução de problemas de diferente natureza”, enquadra o gabinete de Jorge Carvalho, explicando a escolha do 1.º ciclo pela grande disponibilidade que as crianças “nativo-digitais” têm para a aprendizagem de temáticas relacionadas com literacia digital.

“A opção pela abordagem destes conteúdos no 1.º ciclo resulta do facto de os mesmos estarem fortemente relacionados com outros que já fazem parte das AEC deste ciclo de ensino na região autónoma, designadamente a Introdução à Informática e a Robótica”, acrescenta o Governo madeirense, especificando que o programa da disciplina vai incidir sobre áreas como a segurança digital, através de uma “maior consciencialização” da utilização da tecnologia e da Internet; a programação, versando sobre a linguagem utilizada na criação de jogos e aplicações; a representação de dados, com a enfatização das técnicas de processamento de informação; e a inteligência artificial e aprendizagem automática.

A Direcção Regional de Educação criou um manual e um documento orientador, para servir de apoio pedagógico à disciplina, com propostas de actividades e indicação de competências a desenvolver. “O suporte educativo da disciplina das Ciências da Computação (manual de apoio) está construído através de uma lógica sequencial, para que os vários conceitos a abordar possam ser desenvolvidos nos diferentes anos de escolaridade”, indica a tutela regional da Educação, que pretende que as Ciências da Computação sejam lecionadas do 1.º ao 4.º ano.

As propostas de actividade, que tal como o manual podem ser acedidas em aia.madeira.gov.pt, começam por ser desenvolvidas em ambiente offline, sem a utilização de tecnologia. Depois, serão concretizadas através da utilização da Internet, com o suporte da robótica educacional ou com outros recursos de que a escola disponha.

“O essencial do investimento encontra-se realizado, por via da já existente infra-estruturação das redes tecnológicas das escolas e do equipamento das mesmas em hardware e software, e os recursos humanos docentes já estão afectos às escolas em função da leccionação da Introdução à Informática.” Por isso, embora a Secretaria Regional diga que a possibilidade de as Ciências de Computação passarem a ser uma disciplina curricular “não está em cima da mesa” para já, há a perspectiva de alargá-la no futuro a mais ciclos de ensino.

“O percurso, ao longo dos próximos anos lectivos, e o respectivo acompanhamento, determinará a evolução, mas ainda é prematuro estabelecer metas”, adianta o gabinete de Jorge Carvalho, reforçando o carácter experimental desta nova oferta educativa, que estará disponível em seis estabelecimentos de ensino que manifestarem interesse em integrá-la nas AEC.

Neste capítulo, ressalva a Secretaria de Educação, o papel dos docentes será essencial, como vem acontecendo com os professores de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que já desenvolvem algumas destas competências na sala de aula. No entanto, admite o Governo, o ensino da nova disciplina poderá abranger outros docentes que, pela sua formação, interesse e conhecimentos específicos, revelem um perfil que se coadune com as aprendizagens disciplinares a promover.

“A Secretaria Regional de Educação, através dos projectos das Tecnologias Educativas e da Divisão de Formação, tem vindo a promover formação específica a todos os docentes de todos os ciclos de ensino, a iniciar-se no pré-escolar”, indica o gabinete do secretário regional, acrescentando que o projecto de formação para este ano lectivo já prevê o desenvolvimento de competências específicas das Ciências da Computação para que os docentes possam levar a efeito um trabalho mais eficaz na promoção das aprendizagens.

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