De Manchester e Madrid: a estratégia das cidades europeias para travar a covid-19
Europa tenta evitar seguir os passos de Israel, que impôs um confinamento nacional.
Vários países europeus anunciaram na sexta-feira novas restrições para travar as infecções do novo coronavírus. Desta vez as restrições são em algumas cidades e não a nível nacional, por enquanto. Contudo, o Reino Unido está a considerar um novo confinamento a nível nacional.
Os casos no Reino Unido quase duplicaram para 6000 por dia na última semana (esta sexta-feira foram registados 4322), as admissões hospitalares aumentaram e as taxas de infecção dispararam em algumas partes do norte de Inglaterra e Londres.
Questionado pela Sky News sobre a possibilidade de um segundo confinamento nacional no próximo mês, o Ministro da Saúde britânico Matt Hancock disse que este deveria ser visto apenas como último recurso, mas que o governo britânico fará tudo o que for necessário para combater o vírus.
O Reino Unido impôs novas restrições ao Noroeste, Midlands e West Yorkshire a partir de terça-feira. Os confinamentos locais afectarão cerca de 10 milhões de pessoas, em cidades como Glasgow (Escócia), Manchester, Leicester e Birmingham (Inglaterra).
Além destes bloqueio locais, são proibidos ajuntamentos com mais de seis pessoas (salvo raras excepções, como casamentos, ou trabalho) e locais sociais, tais como bares ou restaurantes, são obrigados a pedir informações de teste e rastreio aos clientes e a manter essas informações durante 21 dias. A violação das regras poderá dar multas entre as 100 e as 3200 libras (aproximadamente 109 e 3497 euros).
Porém, não foi só o Reino Unido a ter um grande aumento de casos. Aliás, países como Espanha e França encontram-se muito pior (inclusive, França teve na quinta-feira o número máximo de casos registados em 24 horas desde o início da pandemia).
Em Espanha, que registou mais casos do que qualquer outro país europeu, a região de Madrid, irá limitar a circulação entre e dentro de áreas gravemente afectadas por um novo surto de infecções, afectando mais de 850.000 pessoas.
A líder regional Isabel Diaz Ayuso disse esta sexta-feira que o acesso aos parques e áreas públicas seria restrito, e as reuniões seriam limitadas a seis, mas as pessoas não seriam impedidas de trabalhar na região mais duramente atingida do país.
“Temos de evitar o encerramento, temos de evitar o desastre económico”, disse Ayuso numa conferência de imprensa.
Em França, as autoridades da cidade de Nice, no sul do país, proibiram concentrações de mais de 10 pessoas em espaços públicos e horários de abertura de bares restritos, na sequência de novas limitações introduzidas no início desta semana em Marselha e Bordéus.
No norte da Europa, na Dinamarca, onde as 454 novas infecções na sexta-feira estiveram perto de um recorde de 473 em Abril, o primeiro-ministro Mette Frederiksen disse que o limite de reuniões públicas seria reduzido de 100 para 50 pessoas e ordenou que os bares e restaurantes fechassem mais cedo.
A Islândia ordenou que os locais de entretenimento e bares na zona da capital fechassem durante quatro dias entre 18 e 21 de Setembro.
Nos Países Baixos, o primeiro-ministro Mark Rutte disse que o seu governo estava a preparar medidas “regionais” para combater a pandemia depois de o país ter registado um recorde de 1972 casos nas últimas 24 horas.
As medidas serão detalhadas ainda esta sexta-feira e espera-se que incluam restrições mais rigorosas às reuniões públicas e horários de encerramento mais cedo para bares e restaurantes. Os pontos quentes incluem as principais cidades de Amesterdão, Roterdão e Haia.
No sul da Europa, na Grécia, o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis disse que o governo estava pronto impor mais restrições na área da grande Atenas à medida que os casos crescem.
Mitsotakis disse que o comité de peritos de saúde da Grécia recomendou restrições adicionais às reuniões públicas, a suspensão de eventos culturais durante 14 dias e outras medidas que “poderiam ser decididas hoje [sexta-feira] e entrar em vigor na segunda-feira”.
A Europa está a tentar evitar seguir os passos de Israel, que entrou num segundo confinamento nacional.