Refugiados de Moria começam a ser realojados noutro campo

Polícia montou operação para transportar as 12 mil pessoas para novo campo na ilha de Lesbos. Alguns refugiados esperavam sair da ilha e resistiram à mudança.

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Refugiados começaram a ser levados para o novo campo VANGELIS PAPANTONIS/EPA

Centenas de refugiados que estavam no campo de Moria, na ilha grega de Lesbos, começaram esta quinta-feira a ser transferidos para novos locais, uma semana depois do incêndio que destruiu praticamente todas as instalações.

As pessoas foram encaminhadas para um campo temporário em Kara Tepe, também em Lesbos. Porém, alguns resistiram às tentativas da polícia em retirá-los do local, receando as más condições no novo campo que servia para treinos militares, embora não tenha havido episódios violentos. A expectativa de muitos dos que viviam em Moria era poderem finalmente sair da ilha, diz a Al-Jazeera.

Farhad, nome fictício de um afegão de 20 anos, diz estar farto de estar fechado num campo de refugiados. “Estive em Moria durante nove meses e agora se voltar para um campo, será um ano também. Estou a perder a minha juventude à espera”, disse à Al-Jazeera.

A polícia grega montou uma grande operação para começar a retirar os cerca de 12 mil refugiados que ficaram sem abrigo depois dos incêndios na semana passada. O objectivo, disse o Governo, é fornecer um tecto e comida, mas também testar os antigos habitantes de Moria à covid-19.

Durante todo o dia, viam-se pessoas a transportar os poucos pertences que conseguiram salvar das chamas, como colchões, sacos e mochilas. No novo campo foram montadas mil tendas, com capacidade para oito ou dez pessoas.

Ao final desta quinta-feira, cerca de cinco mil tinham sido realojados no novo campo, dos quais 135 tiveram de ficar em quarentena depois de terem testado positivo à infecção, de acordo com o ministro das Migrações, Notis Mitarachi, citado pela Reuters.

“Estamos tranquilamente a conseguir completar o realojamento de todos nestas instalações temporárias”, afirmou Mitarachi. O Governo espera concluir a transferência dos migrantes durante os próximos dias.

Moria, o maior campo de refugiados na União Europeia, conhecido pelas péssimas condições e insegurança, foi praticamente destruído por incêndios na semana passada. Cerca de 12 mil pessoas, na sua maioria em fuga de conflitos e regimes ditatoriais no Afeganistão, Síria e alguns países africanos, ficaram sem local para pernoitar desde então.

As autoridades gregas estão convictas de que o incêndio foi posto por migrantes e seis pessoas foram detidas.

Alguns governos europeus comprometeram-se a receber os refugiados que estavam em Moria, mas não se sabe quanto tempo irá demorar o processo de relocalização.

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