“Mamas não são obscenas”: mulheres protestam em topless no Museu d’Orsay
Protesto aconteceu depois de uma jovem ter sido impedida de entrar por causa do decote do vestido. Por toda a França, jovens estudantes vestiram-se com roupas curtas para lutar contra os códigos de vestuário impostos às mulheres.
Um grupo de cerca de 20 mulheres em topless juntou-se, este domingo, 13 de Setembro, para um protesto no Museu d'Orsay, em Paris. De máscara e cumprindo o distanciamento social aconselhado, gritavam, com os punhos erguidos, que “isto não é obsceno”, referindo-se ao peito.
O protesto aconteceu depois de Jeanne Huet, uma jovem estudante de 22 anos, ter sido impedida de entrar no museu por ter “demasiado decote” — e só depois de vestir um casaco e apertá-lo até cima pôde entrar. O sucedido deu origem a uma carta aberta, escrita pela jovem e partilhada nas redes sociais, que gerou indignação e levou o museu a endereçar-lhe um pedido de desculpas.
Mas as manifestantes, activistas do grupo Femen, não deixaram o acontecimento passar em branco e exigiram o fim da sexualização dos corpos de mulheres. No protesto, mostraram apoio a Jeanne e a todas as mulheres que são vítimas de discriminação sexista.
Este não foi, contudo, o único movimento feminista que abalou França nos últimos dias. Esta segunda-feira, 14, estudantes francesas foram desafiadas a vestir saias, tops e a usar maquilhagem, para protestar contra os códigos de vestuário, muito mais restritos no caso das raparigas.
O movimento #Lundi14Septembre foi lançado nas redes sociais depois de diversas alunas terem sido impedidas de entrar nas escolas por vestirem roupas “inapropriadas”, refere a Euronews, citando a imprensa francesa. O movimento foi apoiado pelo Mouvement National Lyceen, um grupo que representa alunos de escolas secundárias, e por organizações feministas e contra a violência de género.
Também Marlene Schiappa, antiga ministra para a igualdade de género, apoiou publicamente o protesto: “Hoje, jovens de toda a França decidiram, espontaneamente, vestir saias, decotes, tops curtos e maquilhagem, para lutar pela sua liberdade e contra acções e julgamentos sexistas. Como mãe, apoio-as com sororidade e admiração”, escreveu no Twitter.
De acordo com um relatório do Conselho para a Igualdade francês, publicado em Março, 99% das mulheres francesas afirmam ter sido vítimas de um acto ou comentário sexista em 2019. O relatório também mostra que as gerações mais novas são menos tolerantes em relação a sexismo, sendo que 92% acredita que o sexismo é um problema social.
Por cá, em Portugal, uma jovem fez queixa de um revisor da CP, depois de este ter feito comentários impróprios sobre o vestido que usava e o decote do mesmo. A CP instaurou um processo disciplinar ao revisor em causa.